O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (10/10) que "em breve" haverá novas remessas de equipamentos militares para Israel, de acordo com uma decisão tomada pelo governo de coalizão formado por social-democratas, verdes e liberais.
Berlim negou repetidamente ter interrompido as exportações de armas para Tel Aviv, mas os dados oficiais de 2024 fornecidos em setembro indicaram uma redução drástica de mais de 95% em comparação com o ano anterior.
"Não decidimos deixar de enviar armas", afirmou Scholz em discurso no plenário do Bundestag (câmara baixa do parlamento). "Enviamos armas e as enviaremos", ressaltou, em resposta a uma acusação de apoio insuficiente a Israel feita pela oposição conservadora.
"Não vou violar o sigilo do Conselho Federal de Segurança [responsável por autorizar a exportação de armas], mas tomamos decisões no governo que garantem que novas remessas serão feitas, e vocês verão que essa foi uma acusação falsa", frisou
"Fissura na solidariedade com Israel"
O líder da oposição conservadora, Friedrich Merz, havia antes acusado a existência de "fissuras na solidariedade da Alemanha" com Israel. "Há semanas e meses, o governo alemão vem se recusando a conceder licenças de exportação para a entrega de munição e até mesmo de peças de reposição para tanques a Israel", disse o presidente da União Democrata Cristã (CDU).
A ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, também negou que tenham sido interrompidas as remessas de armas para Israel, cuja defesa e segurança, segundo ela, é uma "razão de Estado" para a Alemanha.
Perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), Berlim deixou "claro" que fornece armas a Israel e que isso está obviamente em conformidade com a lei internacional, disse ela.
Após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, as exportações militares e de armas da Alemanha para Israel aumentaram dez vezes em 2023 em comparação com o ano anterior, totalizando 326,5 milhões de euros, de acordo com dados do Ministério da Economia.
Redução nas exportações de armas
Entretanto, paralelamente ao aumento do número de vítimas civis em Gaza e à crescente pressão política sobre Berlim, as autorizações para novas exportações caíram substancialmente.
Assim, de acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Economia no início de setembro, nos primeiros oito meses de 2024 apenas 14,5 milhões de euros em exportações foram autorizados, concentrados no início do ano.
Além disso, desde março todas as exportações autorizadas se limitam a "material de guerra", o que não inclui armas bélicas, de acordo com a resposta do Ministério da Economia.
Por outro lado, nos dados sobre autorizações para exportações de material de guerra e armamentos para os três primeiros trimestres do ano, publicados em 2 de outubro, Israel não aparece entre os dez principais destinatários, que receberam somas que vão de 7 bilhões de euros (Ucrânia) a 100 milhões de euros (Catar).
Anteriormente, no final de abril, a CIJ decidiu contra a emissão de medidas provisórias para interromper as vendas de armas alemãs a Israel no caso do processo da Nicarágua contra o país europeu em Haia.
Na Alemanha, o governo Scholz também enfrentou várias ações judiciais, até agora sem sucesso, com o objetivo de impedir as exportações de armas alemãs para Israel.
md/av (EFE, AFP)