O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, qualificou nesta quarta-feira (08/05) como "revoltantes e covardes" os recentes ataques contra políticos que vêm se multiplicando no país.
"Os ataques contra [...] políticos são revoltantes e covardes. A violência não tem lugar no debate democrático. Pessoas decentes e razoáveis estão claramente se posicionando contra isso - e elas são a maioria.", afirmou Scholz na rede social X.
As declarações de Scholz foram feitas um dia após secretária das Finanças de Berlim, a social-democrata Franziska Giffey, colega de partido do chanceler, ficar ferida após ser atingida na cabeça por um objeto lançado contra ela durante uma visita a uma biblioteca no bairro de Rudow, na capital alemã.
Um suspeito de 74 anos foi preso temporariamente. Ele já teve problemas com a polícia no passado por suspeita de ameaça à segurança do Estado e crime de ódio. A motivação do ataque, contudo, ainda está sob investigação, e a promotoria analisa se o caso é psiquiátrico.
No mesmo dia do ataque a Giffey, uma política do Partido Verde que pendurava cartazes eleitorais na cidade de Dresden, na Saxônia, foi ameaçada e cuspida. O episódio foi registrado por uma equipe da DW.
A polícia disse que investiga os suspeitos – um homem de 34 anos e uma mulher de 24, ambos alemães. Eles estavam com um grupo de pessoas que também são investigadas sob suspeita de terem feito a saudação nazista antes do ataque.
Dias antes, na sexta-feira, o social-democrata e candidato à reeleição para o Parlamento Europeu Matthias Ecke foi brutalmente espancado enquanto pendurava cartazes eleitorais na mesma cidade. O grau de ferimentos foi tamanho que ele teve ossos quebrados e precisou passar por cirurgia. A polícia deteve quatro suspeitos com idades entre 17 e 18 anos. Segundo as autoridades de segurança, pelo menos um dos adolescentes está ligado a grupos de extrema direita.
Antes, na quinta-feira da semana passada, dois políticos do Partido Verde – um deles membro do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão – foram agredidos em Essen, no estado da Renânia do Norte-Vestfália.
O governo alemão condenou o "número crescente de ataques desprezíveis", acrescentando que um "clima de intimidação, de violência" não poderia ser aceito. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que os autores dos ataques devem ser levados à justiça.
"Devemos proteger de ataques todos os que defendem nossa sociedade democrática, não importa a que partido pertençam", disse a alemã Von der Leyen.
Registros de atos violentos contra políticos na Alemanha têm se multiplicado no país. Segundo o governo federal, os ataques têm atingido principalmente membros do Partido Verde – só em 2023 teriam sido 1.219 casos, um aumento significativo em relação a 2022, com 575 notificações. Na sequência vêm políticos da AfD, com 575 ataques, e os sociais-democratas, com 420.
A nível nacional, os ataques a políticos de partidos representados no Bundestag dobraram em relação a 2019.
Dois deputados estaduais de ultradireita agredidos
Na noite de quarta-feira (08/05), houve um novo registro de agressão contra políticos, desta vez do outro lado do espectro político. Enquanto os ataques dos últimos dias tiveram como alvo políticos de centro-esquerda, este episódio envolveu dois deputados estaduais do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).
A polícia do estado de Baden-Württemberg, no sudoeste da Alemanha, informou que os deputados Miguel Klauss e Hans-Jürgen Gossner sofreram ferimentos leves após serem alvos de agressões verbais e físicas em Stuttgart. Eles não precisaram de atendimento médico.
Segundo a imprensa local, os dois parlamentares estaduais estavam em um estande de informações que a AfD havia montado para um evento de comemoração do 75º aniversário da constituição alemã, conhecida como Lei Básica.
De acordo com a polícia, supostos adversários da AfD bloquearam o estande de informações e ergueram faixas. Na sequência, os membros da AfD foram "atacados" verbal e fisicamente.
A AfD disse que um dos deputados foi atingido na cabeça e o outro no pescoço. A polícia disse que duas mulheres, de 19 e 23 anos, estão investigadas pelo incidente, enquanto os policiais ainda estavam procurando outros suspeitos de terem cometido o crime.
jps (DW, dpa, ots)