O próprio Hamas, o secretário-geral da ONU e a maioria dos membros do Conselho de Segurança exigiram um cessar-fogo imediato e permanente na guerra entre Israel e Hamas, mas o governo americano anunciou, antes mesmo da votação, nesta sexta-feira, que vetaria a resolução, se aprovada.
"Isso apenas plantaria as sementes para a próxima guerra", explicou o representante dos EUA no Conselho de Segurança, Robert A. Wood.
Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, “a catástrofe humanitária em Gaza ameaça a estabilidade mundial”. As agências humanitárias da ONU alertaram que Gaza está à beira do colapso total. A intensificação dos combates incapacita os esforços de socorro, ambulâncias estão paradas, sem gasolina, os hospitais lotados e faltam água e alimentos.
A resolução para o cessar-fogo foi apresentada pelos Emirados Árabes Unidos. O embaixador palestino disse à ONU que "já basta", enquanto que para o representante de Israel um cessar-fogo apenas estenderia a guerra, e que a única opção para a paz é eliminação do Hamas.
O chanceler da Jordânia, Ayman Safadi, reiterou seu apelo para a aprovação de uma resolução do Conselho de Segurança exigindo um cessar-fogo imediato em Gaza "porque a mensagem é que, se não o fizerem, isso é simplesmente um endosso ao que Israel está fazendo".
Uma delegação de ministros árabes esteve com o secretário de Estado Antony Blinken, antes da sessão do Conselho de Segurança. Pediram-lhe que apoiasse o cessar-fogo, mas a posição de veto dos EUA não foi mudada.
"Um dos fatores perturbadores desse conflito é que o fim do conflito, o fim dos combates, não parece ser a principal prioridade para a comunidade internacional, ou pelo menos isso é algo discutível", reagiu o ministro saudita das Relações Exteriores, Faisal bin Farhan Al-Saud, numa entrevista à imprensa, em Washington.
Durante o dia, o 63º da guerra, o governo israelense concordou em dobrar o abastecimento de combustível à Gaza. E informou a morte de dois soldados numa operação para resgatar os 138 reféns em poder do Hamas. O local em que estariam não foi revelado. O Ministério da Saúde do Hamas atualizou para 17.500 o número de mortos, entre eles o académico e ativista palestino Refaat Alareer, 44, autor de dois livros sobre as lutas da vida em Gaza.
O filho de um dos comandantes das FDI (Forças de Defesa de Israel), Gal Eizenkot, morto na explosão de uma bomba dentro de um túnel, foi enterrado numa cerimônia que contou com o presidente Herzog, o primeiro-ministro Netanyahu, o ministro da Defesa, entre centenas de políticos, amigos e os familiares. No elogio fúnebre ao filho morto, Eizenkot prometeu que “sua morte não foi em vão”.
Uma bandeira israelense foi hasteada no meio do local mais simbólico de Gaza, a Praça da Palestina. Um israelense a fotografou. Durante a semana de trégua, dois combatentes do Hamas entregaram ali dois reféns israelenses à Cruz Vermelha.