Quatro secretários do Ministério da Economia pediram demissão nesta quinta-feira (21). O anúncio veio depois que o governo passou a defender uma manobra que altera o teto de gastos para financiar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.
Pediram exoneração o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal; o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt; a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo. O anúncio foi feito pelo Ministério da Economia por meio de comunicado.
Ambos pediram exoneração diretamente ao ministro Paulo Guedes. “A decisão de ambos é de ordem pessoal. Funchal e Bittencourt agradecem ao ministro pela oportunidade de terem contribuído para avanços institucionais importantes e para o processo de consolidação fiscal do país”, disse comunicado da pasta.
Ainda segundo o Ministério, eles irão ajudar na transição dos novos nomes, que ainda não foram confirmados.
A saída da equipe é um reflexo da crise entre as alas política e econômica em torno do “novo Bolsa Família”. O governo quer alterar o teto de gastos para abrir espaço no orçamento e garantir o pagamento de parcelas de R$ 400 no Auxílio Brasil, já a partir de novembro.
Mas a possibilidade de uma "licença" para gastar, admitida pelo ministro Paulo Guedes, provocou mais um dia ruim no mercado financeiro. A Bolsa de Valores registrou queda de 2,75% (a pior desde 23 de novembro de 2020) e a cotação do dólar subiu para R$ 5,66.
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"Com isso, estamos fazendo um exercício para que dentro do orçamento se encontre espaços para que possa fazer não apenas o fortalecimento e incremento do programa permanente, como um benefício transitório, que vai até dezembro do próximo ano. Que nessa saída da pandemia nenhum beneficiário receba menos de R$ 400”, completou.
Ainda não há data definida para as propostas serem votadas no Senado e na Câmara. O novo programa social que vai substituir o Bolsa Família terá um reajuste de 20% em relação aos valores pagos atualmente. São necessários R$ 85 bilhões para pagar as parcelas no valor de R$ 400.