Seis homens disputam cargo de presidente do Irã

Ministério do Interior do país publicou a lista final de candidatos aprovados para as eleições presidenciais de 28 de junho. Quase todos são linha-dura.

Por Deutsche Welle

O Ministério do Interior do Irã publicou neste domingo (09/06) a lista final de candidatos para as eleições presidenciais de 28 de junho. Seis homens foram aprovados como candidatos qualificados à eleição pelo Conselho dos Guardiões, que verifica a fidelidade ideológica e a capacidade de concorrer ao cargo dos indivíduos registrados.

O Conselho impediu a candidatura de várias personalidades conhecidas, incluindo o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad e o ex-presidente do Parlamento Ali Larijani. Quase todos os seis candidatos são linha-dura, apenas um é considerado mais moderado. Um deles deve substituir o ex-presidente Ebrahim Raisi, que morreu num acidente de helicóptero em 19 de maio, juntamente com seu ministro das Relações Exteriores e outros seis membros da tripulação.

Integram a lista:

Mohammad Bagher Ghalibaf

O atual presidente do Parlamento concorreu, sem sucesso, ao mais alto cargo político do país em 2005 e 2013. Em 2017, retirou sua candidatura em favor do ultraconservador Ebrahim Raisi.

Ghalibaf se descreve como um "soldado da Revolução Islâmica". Anteriormente, foi comandante da Guarda Revolucionária e atuou como chefe de polícia nacional em 2003, onde foi responsável pela repressão violenta dos protestos estudantis. De 2005 a 2017, foi prefeito de Teerã.

Saeed Jalili

O linha-dura de 58 anos e ex-negociador-chefe nas negociações nucleares é considerado um candidato do campo ultraconservador. Atualmente, é membro do Conselho de Arbitragem, convocado em caso de conflitos entre o Conselho Guardião e o Parlamento.

Amirhossein Ghazizadeh Hashemi

Presidente da Fundação para Mártires e Veteranos, o médico e político linha-dura de 53 anos foi membro do Parlamento iraniano de 2008 a março de 2024.

Ele concorreu ao cargo mais alto em 2021, sendo aprovado como candidato. Na época, recebeu 3% dos votos expressos e ficou em quarto lugar entre os sete candidatos.

Masoud Pezeshkian

O político de 69 anos é considerado um pouco mais moderado do que seus concorrentes. Foi Ministro da Saúde de 2001 a 2005, durante a presidência de Mohammed Khatami.

Mostafa Pour-Mohammadi

Acadêmico islâmico de 64 anos é o único clérigo entre os candidatos autorizados. Foi ministro do Interior do governo Ahmadinejad, de 2005 a 2008, e da Justiça do presidente Hassan Rouhani, de 2013 a 2017. Na década de 1980, como vice-ministro da Inteligência, esteve envolvido nas execuções em massa de prisioneiros políticos.

Aliresa Zakani

Linha-dura de 58 anos é atual prefeito de Teerã.

De novo, nenhuma mulher

Teoricamente, qualquer cidadão pode se candidatar à presidência. Embora oficialmente não seja permitido que mulheres se candidatem, desta vez várias também tentaram concorrer. De acordo com o Ministério do Interior, 287 cidadãos e cidadãs se apresentaram pessoalmente no centro de registro do ministério, 80 das quais estavam aptas a se registrar, Entre elas, quatro mulheres, mas nenhuma foi qualificada.

Para participar da eleição presidencial iraniana, os candidatos dependem do apoio de centros de poder influentes. Ebrahim Raisi, por exemplo, que venceu as eleições presidenciais de 2021 em sua segunda tentativa, era genro do influente linha-dura Ahmad Alam al-Hoda, representante do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, na província de Khorasan Razavi, e pregador das sextas-feiras na capital da província de Mashhad, a cidade de peregrinação religiosa mais importante do nordeste do país. Alam al-Hoda também é membro da Assembleia de Especialistas em Liderança, que nomeia o líder espiritual e político do país.

Tradicionalmente, os círculos conservadores e religiosos também podem contar com seus apoiadores. No passado, os candidatos que prometiam mudanças só eram bem-sucedidos se conseguissem mobilizar outras classes sociais e atingir um alto índice de comparecimento às urnas. Entretanto, as promessas eleitorais não cumpridas nas últimas décadas decepcionaram muitos eleitores, resultando em baixo comparecimento às urnas nos últimos anos.

A participação nas eleições parlamentares de março foi de apenas 41%. Na presidencial de 2021, o comparecimento foi de cerca de 48,8%, a menor na história da República Islâmica do Irã.

Autor: Shabnam von Hein

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