Serviço secreto russo abre processo contra repórter da DW

FSB instaurou ação penal contra Nick Connolly, que fez uma reportagem sobre a atual situação em Kursk, entrevistando moradores da região russa.

Por Deutsche Welle

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O serviço secreto russo (FSB) anunciou a instauração de um processo penal contra dois jornalistas por terem viajado à região russa de Kursk. O correspondente da Deutsche Welle em Kiev Nick Connolly e Natalia Nagorna, da emissora ucraniana 1+1, são acusados de entrar ilegalmente em território russo.

Connolly, que é alemão, esteve na quarta-feira passada (21/08) na pequena cidade de Sudzha, na região controlada pelos ucranianos em Kursk, para uma reportagem. O FSB afirmou que o jornalista de 38 anos cruzou ilegalmente a fronteira. O repórter da DW fazia parte de um pequeno grupo de jornalistas que viajava junto com militares ucranianos e, sob sua guarda, estiveram brevemente na região de Kursk. Ele entrevistou civis russos sobre suas experiências, além de soldados ucranianos.

A atitude da Rússia não foi uma surpresa, afirmou Connolly nesta terça-feira (27/08) à DW. "Isso era esperado. Eles fizeram o mesmo com outros jornalistas que viajaram para lá. Quem está na Ucrânia noticiando sobre a guerra não pode viajar oficialmente para a Rússia", afirmou Connolly.

O motivo é legal: segundo leis russas, uma reportagem sobre os fatos in loco na Ucrânia pode ser enquadrada como difamação do Exército russo. "Até mesmo os veículos que ainda são ativos na Rússia têm uma equipe em Moscou e outra aqui na Ucrânia", acrescenta Connolly.

Não é um caso isolado

Na semana passada, o FSB iniciou um processo penal semelhante contra Nick Paton Walsh, correspondente britânico especialista em segurança internacional da CNN. A Rússia anunciou que irá processar todos os jornalistas que atravessaram a fronteira sem autorização. Até o momento, foram instaurados sete processos contra jornalistas estrangeiros. Quem atravessa a fronteira ilegalmente, do ponto de vista da Rússia, pode ser punido com uma pena de até cinco anos de prisão.

A liderança do Kremlin tem pressionado a imprensa estrangeira também de outras maneiras, inclusive a Deutsche Welle. No início de 2022, as autoridades russas proibiram a transmissão da DW no país, o que levou ao fechamento do escritório da emissora alemã em Moscou. Pouco depois, a Rússia classificou a DW como "agente estrangeiro". Atualmente, a Duma, o Parlamento russo, tenta proibir a Deustche Welle no país e classificá-la com "indesejável".

Desde fevereiro de 2022, as Forças Armadas ucranianas têm resistido à invasão russa. A Rússia continua ocupando grandes partes do leste e do sul da Ucrânia. Em 6 de agosto, Kiev iniciou uma invasão surpresa. Os aliados ocidentais da Ucrânia, como Alemanha e Estados Unidos, aparentemente não foram informados sobre a operação. O problema, segundo Connolly, é o aumento dos pontos cegos, porque jornalistas já não podem estar in loco em muitas regiões disputadas.

cn/le (DW)

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