Sete anos depois do assassinato do cinegrafista da Band Santiago Andrade, o julgamento dos black blocs responsáveis pela morte ainda não foi marcado. Eles seguem em liberdade, enquanto a família cobra justiça.
Com o trabalho na creche que a Arlita Andrade vai tocando o barco no dia a dia. Mas, em datas como a desta quinta-feira (10), a sensação de vazio é inevitável.
“Fico muito triste, né? Aí eu relembro que era uma pessoa que estava na minha vida, que estava comigo há 30 anos. Uma pessoa muito boa para mim, e que foi embora sem aumentos dar adeus”, descreveu a viúva de Santiago.
No início de 2014, os protestos de rua eram quase diários no Rio de Janeiro. E geralmente terminavam em violência.
No dia 6 de fevereiro daquele ano, Santiago Andrade fez seu ritual de todos os dias e seguiu para mais um dia de trabalho.
Santiago estava cobrindo uma manifestação, perto da central do Brasil. Com a visão encoberta pela câmera no ombro, ele não viu o rojão sendo disparado. A bomba acertou a cabeça de Santiago, e colocou um ponto final na trajetória de um dos mais talentosos cinegrafistas da Band.
A imagem de Santiago sendo atingido comoveu o país. Foram quatro dias lutando pela vida. Santiago morreu no dia 10 de fevereiro de 2014. Ele tinha 49 anos. Deixou a esposa e uma filha.
A investigação revelou que os responsáveis foram os black blocs Fábio Barroso e Caio Silva. Fábio levou o rojão, enquanto Caio acendeu e disparou. Os dois foram acusados por homicídio doloso qualificado, pelo uso de explosivos.
Eles chegaram a ser presos preventivamente, mas foram liberados por um habeas corpus um ano e meio depois. O Supremo já decidiu que eles sejam levados a júri popular, mas até agora, 7 anos depois do crime, o julgamento ainda não tem data marcada e eles respondem em liberdade.
“Se deixar eles assim, o rojão pode ser usado por todo mundo para matar outro, e vai ficar por isso mesmo. Realmente, eles têm que pagar por isso de alguma maneira. Daqui a pouco, ninguém mais vai lembrar quem é Santiago”, apelou Arlita.