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Silva e Luna diz que Petrobras “não tem lugar para aventureiro”

Em últimos dias no cargo, presidente da estatal afirmou que a empresa não pode fazer políticas partidárias

Narley Resende

Em últimos dias no cargo, após ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, afirmou, nesta terça-feira (29), que a empresa não pode fazer políticas partidárias e que “não tem lugar para aventureiro”. 

“Por que não faz política pública? Por que não faz política partidária, não sei o que lá e tal? No meu caso específico, que vim da Itaipu e lá podia fazer política pública. Por que você estava lá e fazia? Por causa disso, porque é lei. Lei do petróleo, que diz que (a empresa) deve praticar preço de mercado. Tem responsabilidade social? Tem. Pode fazer políticas públicas? Não. Pode fazer política partidária? Muito menos ainda", disse o general em palestra na Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados da Justiça Militar da União (Enajum), em Brasília.

Silva e Luna completou dizendo que as decisões na empresa são coletivas. "Tem uma governança muito forte. Não tem lugar para aventureiro. Não cabe. Uma andorinha só não faz verão. As decisões são coletivas", afirmou. 

O atual presidente da Petrobras fica no cargo até o mês que vem, quando assumirá Adriano Pires, o sucessor escolhido por Bolsonaro.

O presidente da República ainda não explicou oficialmente por que tomou a decisão de tirar Silva e Luna do cargo. Disse apenas que a troca de presidente da Petrobras é “coisa de rotina”

A mudança, no entanto, teria sido motivada por insatisfação de Bolsonaro sobre as altas nos preços dos combustíveis. 

Mercado

O economista e ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco, o primeiro da gestão Bolsonaro, disse que essa postura “fez com que o mercado perdesse a confiança” no presidente. 

Nos últimos meses, Bolsonaro vem manifestando insatisfação com a postura da estatal de repassar, para o combustível vendido nas refinarias, os sucessivos aumentos no preço internacional do petróleo. 

Em 10 de março, a Petrobras anunciou aumento no valor dos combustíveis nas refinarias, com uma alta de 18,8% na gasolina e 24,9% no diesel. Desde a nova cobrança, o presidente Jair Bolsonaro passou a criticar a Petrobras. 

O preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Para o diesel, o custo médio passou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro.

Mudança

A substituição do presidente da Petrobrás deve seguir um rito administrativo na empresa e não pode ter interferência direta do Poder Executivo. Ela só terá efeito a partir da confirmação pela Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá em 13 de abril de 2022.

A assembleia dos acionistas da Petrobras deve confirmar a escolha de Adriano Pires para comandar a companhia. O economista, especialista em óleo e gás, e é consultor de empresas privadas do setor. 

Para a colunista de economia da BandNews FM, Juliana Rosa, a mudança não deve trazer alterações na atual política de preços. A expectativa, segundo a jornalista, é que Adriano Pires defenda - como vinha fazendo - a criação de um fundo de estabilização, além de subsídios para os combustíveis: 

“Adriano talvez consiga neste momento fazer algum tipo de suavização de preços, não em um curto prazo, porque esse fundo não é uma coisa que funciona rapidamente. Talvez (ele possa) fazer uma defesa mais enfática de subsídio. A equipe econômica (do governo) é contra usar dinheiro público. O que o ministro Paulo Guedes (da Economia) diz é que não pode financiar gasolina, porque estaria beneficiando uma classe de renda mais alta. O subsídio ao diesel talvez faça algum sentido, o que talvez possa sair com a indicação de Adriano Pires”, avalia. 

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, deve ser indicado ao cargo de presidente do Conselho de Administração da Petrobras. A informação foi confirmada pela reportagem da TV Band e confirmada pelo governo posteriormente. Os outros integrantes são Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, Luiz Henrique Caroli, Ruy Flaks Schneider, Márcio Andrade Weber, Eduardo Karrer e Carlos Eduardo Lessa Brandão.

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