
Resumo
- O ‘tarifaço’ de Donald Trump e a retaliação chinesa afetaram os mercados financeiros globais, causando quedas nas principais bolsas de valores;
- Há a possibilidade de uma recessão nos EUA se as tarifas persistirem, pela sensibilidade do mercado a mudanças e a importância dos investimentos para o emprego futuro;
- A classe média dos EUA, que depende do mercado de ações para a aposentadoria, é a mais afetada pela perda de valor de mercado, que ultrapassa três vezes o PIB do Brasil, devido ao tarifaço de Trump.
Este resumo foi gerado por inteligência artificial e cuidadosamente revisado por jornalistas antes de ser publicado.
A disputa tarifária entre os Estados Unidos e países que foram afetados pelo ‘tarifaço’ de Donald Trump causaram o recuo do mercado financeiro global e a queda nas bolsas de valores de todo o mundo.
Só na terça-feira (8), ações ligadas ao minério de ferro e ao petróleo perderam valor e fizeram a Ibovespa - a bolsa brasileira - fechar em queda de 1,32%. A Nasdaq, bolsa de valores de Nova York, recuou em 2,15%. Já do outro lado do mundo, nesta quarta-feira (9), as bolsas asiáticas fecharam em alta, revertendo perdas e com avanço de até 1,77%.
No mercado financeiro, há o receio de uma possível, recessão estar dando às caras com as tarifas impostas pelo governo Trump e as respostas da China e de outros países. Para a economista e professora de MBA da FGV, Carla Beni, é preciso prudência antes de atestar que o mundo irá viver uma recessão econômica.
“A recessão ocorre quando se há dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto. Se tiver algum mês que o PIB volte a crescer, não é considerado recessão. Nesse momento, todas as possibilidades devem ser pensadas, é uma nova realidade”, explica.
A economista destaca que as quedas nas bolsas de valores não indicam a recessão, mas sim uma previsão do cenário econômico em um futuro. “Os mercados precificam. Um exemplo é a queda do valor do petróleo, porque se imagina lá na frente uma atividade econômica menor”, pontua.
Caso Trump mantenha essas tarifas e países como a China retaliem com mais taxas, a economista avalia que uma recessão deve ocorrer primeiro nos Estados Unidos. “Para ter uma recessão mundial é uma etapa maior, é preciso ter uma queda na atividade econômica como um todo”, avalia.
‘Investimento de hoje é o emprego de amanhã’
As tarifas, que já causam um temor no mercado, podem levar a paralisação de investimentos de empresas não só nos Estados Unidos, mas também em outros países. Na visão da economista Carla Beni, a perda de confiança é uma dos problemas que o ‘tarifaço’ pode causar.
Se as empresas paralisarem os investimentos, elas perdem a confiança e isso afeta a população. O investimento de hoje é o emprego de amanhã - Carla Beni.
Com menos confiança das empresas investidoras, menor emprego e aumento de preços nas prateleiras, Carla explica que é possível que os Estados Unidos entrem em recessão econômica, mas só se pode cravar a situação daqui a seis meses.
Classe média americana é a mais impactada pelo ‘tarifaço’
Desde o ‘tarifaço’ de Donald Trump, os mercados globais perderam cerca de US$ 9,5 trilhões em valor de mercado em três dias. Segundo a Bloomberg, as quedas são atreladas à apreensão de investidores com os próximos passos e as retaliações tarifárias.
Mas além do mercado financeiro, a perda –que representa mais de três vezes o PIB do Brasil– afeta principalmente a classe média estadunidense. “O mercado acionário americano é diferente do nosso. A classe média usa as ações na bolsa para sustentar a aposentadoria. Então, quando a bolsa de valores tem uma perda dessas, na verdade, é a população americana que está perdendo o poder de compra para a aposentadoria”, afirma Carla Beni.
Para a economista, quem irá pagar pelo ‘tarifaço’ é a classe média dos Estados Unidos. “Quando ele sobretaxa em 30% um produto, não é o país que paga, é a empresa importadora, que repassa para o produto final. Quem paga imposto somos nós, pessoas físicas”, pontua.