Na manhã desta quinta-feira, dia 03, uma moradora do Rio das Pedras identificada como Sara conversou com José Luiz Datena, no Manhã Bandeirantes, da Rádio Bandeirantes. Segundo ela, há outros prédios afundando. “Construção não há engenheiro, são eles mesmos quem constroem. Tem ruas que tem prédio que está até afundando, pois é beira de rio mesmo”.
Sara é natural da Paraíba e chegou ao Rio das Pedras em 2012. Essa é a primeira vez, em nove anos, que vê um prédio na região desabar. “Aqui era um rio, aterraram tudinho e fizeram os prédios. Aqui, onde eu moro, é mesmo um manguezal. Moro aqui há 9 anos. Cheguei aqui em 2012, sou da Paraíba. Durante os 9 anos que moro aqui, nunca vi outros prédios desabarem, só em Muzema, comunidade vizinha, em 2019. A gente nunca espera que aconteça perto da gente. Onde eu moro, não há rachaduras. Moro em zona de mangue, mas é terra plana, não encosta.”
Também segundo a moradora – que paga R$ 400 mensais pelo apartamento de um dormitório em que vive – , só vive ali pois não tem condições de pagar mais de aluguel. “Vários moradores daqui não tem condições de pagar um aluguel digno em torno de R$ 600, R$ 700. Aqui, pagamos em torno de R$ 400 mais R$ 50 de luz. Não cabe no nosso bolso pagar mais que isso. Minha casa tem uma cozinha, sala e banheiro, e um quarto. Moro sozinha.”
Pedir por melhorias não é uma opção para Sara. “A gente vê isso, o prédio entortar perto de rio e não podemos falar nada, pois sabe como é que é, né?”
A subprefeita de Jacarepaguá, Talita Galhardo, disse que possivelmente a construção do prédio que desabou na madrugada desta quinta-feira, 03, no Rio das Pedras era irregular. Segundo a Prefeitura do Rio, 75% dos imóveis irregulares demolidos na cidade entre 2019 e 2020 ficavam justamente ali na região de Rio das Pedras e Muzema, na zona oeste da cidade, considerada o berço das milícias. Em abril de 2019, 24 pessoas morreram após o desabamento de um prédio em Muzema, justamente porque as construções eram irregulares.
O que são milícias?
Milícias são grupos paramilitares, muitas vezes formados por ex-agentes penitenciários, ex-militares e ex-policiais civis que acabam migrando para o crime, tentando obter vantagens sobre moradores e comerciantes, cobrando taxas de serviços em troca de suposta segurança. Os serviços clandestinos mais comuns oferecidos por eles incluem tv a cabo, internet, gás, além de moradias irregulares. Atualmente, eles controlam várias regiões do estado do Rio de Janeiro, como as zonas oeste, baixada fluminense e região metropolitana.