
A delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, contou que setores do agronegócio mantiveram bolsonaristas acampados em frente a quartéis após a derrota nas eleições para Lula. O depoimento teve o sigilo derrubado por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira (19). Ele afirma que o tenente Aparecido Portela cobrou o golpe de Estado ao então presidente Bolsonaro.
Em 26 de dezembro de 2022, Aparecido perguntou se 'o churrasco seria feito' e cobrava um golpe de Estado. Ele se referiu ao agronegócio como o "pessoal que colaborou com a carne estava cobrando". Parte do setor é acusado de contribuir financeiramente para a mobilização e manutenção de manifestantes bolsonaristas em quartéis pelo Brasil.
Cid alegou que não acreditava em uma concretização de um golpe, uma vez que o Exército havia negado a hipótese. Apesar disso, o ex-ajudante de ordens afirmou que dava esperanças de que algo fosse acontecer e que convenceria as Forças Armadas a concretizarem o golpe.
"Ele pressionava, eram várias mensagens, a ideia era: 'Não vai acontecer nada? Vocês não vão virar a mesa? Estamos aqui, ajudamos, mobilizamos milhares de pessoas'. Ele é do agro, é mais humilde, mas do agro, alguém sustentava ele de lá e o pessoal estava cobrando", afirmou Cid em delação.
Ele afirmou na delação que este foi um dos motivos que fez Bolsonaro não desmobilizar as pessoas em frente aos quartéis. Os comandantes das Forças Armadas inclusive teriam assinado uma autorização de manter as pessoas na frente dos quartéis, por ordem de Bolsonaro.