Trabalho escravo em Goiás: vítimas tinham que aliciar substitutos no Maranhão

Em resgate de pessoas em trabalho análogo à escravidão em Goiás, auditores descobriram suposto crime de tráfico de pessoas e que vítimas tinham que aliciar substitutos

Trabalho escravo em Goiás: vítimas tinham que aliciar substitutos no Maranhão
Auditores resgatam trabalhadores de situação análoga à escravidão em Goiás
Divulgação

Auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM) resgataram oito trabalhadores maranhenses submetidos a condições análogas à escravidão na cidade de Novo Gama (GO), já próximo ao Distrito Federal. A operação contra fazendas de eucaliptos ocorreu no dia 29 de março.

Segundo os auditores, os trabalhadores foram aliciados no interior do Maranhão com a participação de outras vítimas da prática ilegal. Elas tinham que apresentar os candidatos ao empregador para serem substituídas e dispensadas, definitivamente, do trabalho.

Na prática, segundo o MTE, o empregador traficava os trabalhadores. Nos postos de trabalho, as vítimas eram exploradas de forma compartilhada por fazendeiros para fazerem a derrubada e corte de eucaliptos.

O empregador tinha a função de transportar os maranhenses nas áreas reflorestadas por eucalipto para alocá-los ao menor preço possível nas fazendas parceiras na partilha do volume de árvores derrubadas.

Sem segurança

As vítimas, ouvidas pelos auditores, relataram condições degradantes de trabalho, como a ausência de equipamentos de segurança ao derrubarem árvores próximo a torres elétricas de transmissão de alta tensão. Também não havia banheiro, tanto que eles usavam região de mata para fazerem as necessidades fisiológicas.

Conforme relataram, a alimentação era reduzida a porções de ossos com pouca carne e arroz, da qual os próprios preparavam, ainda de madrugada em fogo à lenha coletada por eles no mato.

Rotina excessiva

A rotina de trabalho iniciava às 6h e ia até 17h, de segunda a sábado, de maneira a receber por dia em que houvesse produção. As vítimas também alegam que os patrões não faziam os pagamentos combinados e que, quando pediam para voltar às cidades de origem, recebiam a resposta de que deveriam procurar o retorno pelos próprios meios, partir da fazenda onde estavam.

Alojamento precário

Os auditores informaram que os trabalhadores estavam alojados em uma casa precária, a 7 metros de um chiqueiro, onde a criação de suínos afetava, constantemente, o local com mau cheiro.

O MTE também pontua que vários trabalhadores tinham que dormir no chão e que a água usada para eles beberem era de uma caixa d’água sem tampa e com girinos em no interior.

Os auditores notificaram o proprietário da fazenda fiscalizada para que os trabalhadores fossem para um alojamento decente, imediatamente. Além disso, exigiu a formalização do vínculo empregatício e o pagamento de todas as verbas trabalhistas devidas.

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