O Tribunal de Justiça da ONU, em Haia, decidiu que Israel deve tomar todas as medidas para evitar ações genocidas por suas forças em Gaza, e permitir a entrada de mais ajuda humanitária aos palestinos, mas não pediu a suspensão da guerra, como queria a África do Sul. As medidas foram aprovadas por maioria de 15 a 2.
Ao fim da sessão, membros do Congresso Nacional Africano, partido governista da África do Sul, repetiram em coro: "Livre! Palestina Livre!". Durante a sessão, a guerra continuava, no Oriente Médio: aviões israelenses atacaram o Hezbollah em Bint Jbeil, no sul do Líbano, de onde partiram mísseis contra o norte israelense.
A África do Sul levou Israel ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob a acusação de que suas forças armadas estariam cometendo genocídio contra os palestinos em Gaza. O processo aumentou a pressão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que reduziu a intensidade dos bombardeios e permitiu mais ajuda humanitária aos palestinos.
Israel invadiu a Faixa de Gaza por terra, ar e mar, depois que centenas de terroristas do Hamas cruzaram a fronteira israelense, em 7 de outubro, e mataram 1200 pessoas, cometeram inúmeras brutalidades e fugiram com 240 reféns quando começaram a ser confrontados, tardiamente, por soldados israelenses.
O TIJ não tem como aplicar suas decisões. Acatá-las dependerá de Israel, que nega que esteja cometendo genocídio e alega que está apenas se defendendo de um ataque sofrido, sem tê-lo provocado. O julgamento do mérito, se há em curso um genocídio ou não, poderá levar anos.
O TIJ também ordenou a Israel que tome medidas para prevenir o incitamento contra os palestinos. O ministro Ben Gvir, autor mencionado de incitamentos, reagiu em Jerusalém: "A decisão do tribunal antissemita de Haia prova o que já se sabia: esse tribunal não busca justiça, mas sim a perseguição do povo judeu. Eles ficaram em silêncio durante o Holocausto e hoje continuam com a hipocrisia e dão mais um passo adiante". E acrescentou: "As decisões que colocam em risco a existência contínua do Estado de Israel não devem ser ouvidas. Devemos continuar derrotando o inimigo até a vitória completa."
A presidente do TIJ, a juíza dos EUA Joan Donoghue, disse que a Corte entende que a Faixa de Gaza enfrenta uma situação humanitária catastrófica e que está preocupada com a perda contínua de vidas. "As operações militares causaram e continuam causando mortes, destruição da infraestrutura vital e tornaram a população vulnerável". Ela deu o prazo de um mês para Israel apresentar um relatório de suas ações em Gaza.