A Corte Internacional de Justiça (CIJ) ordenou a Israel, nesta sexta-feira (24/05), que suspenda imediatamente as operações militares em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. A decisão decorre da petição apresentada pela África do Sul em dezembro, dois meses depois de Israel iniciar sua guerra contra o grupo extremista palestino Hamas, em reação aos ataques terroristas de 7 de outubro em seu território.
O órgão judiciário das Nações Unidas, sediado em Haia, Holanda, estipulou ainda que Israel deve manter aberta a passagem de Rafah, a fim de permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza sem restrições e garantir o acesso de qualquer comissão autorizada pela ONU a "investigar alegações de genocídio". A decisão foi aprovada por 13 votos a 2.
Logo em seguida ao pronunciamento do tribunal, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou uma reunião ministerial extraordinária para decidir como responder à CIJ.
Decisão de caráter mais simbólico
Embora as decisões do órgão jurisdicional da ONU sejam juridicamente vinculativas, ele não dispõe de mecanismos de aplicação direta, e é improvável que Israel acate a atual ordem. Ainda assim, esta deverá aumentar a pressão internacional sobre o país cada vez mais isolado.
O líder oposicionista israelense Yair Lapid ridicularizou o pronunciamento de Haia: "O fato de a CIJ sequer ter conectado diretamente o fim da operação militar em Rafah à libertação dos reféns e ao direito de Israel se defender contra o terrorismo é uma falha moral abjeta."
Paralelamente à imposição a Israel, nesta sexta-feira a CIJ também apelou pela libertação imediata dos cidadãos aprisionados pelo Hamas em 7 de outubro, por considerar "profundamente preocupante que muitos desses reféns permaneçam em cativeiro", e reiterou "o apelo à sua libertação imediata e incondicional".
O apelo foi emitido apenas horas após as Forças Armadas israelenses anunciarem a recuperação dos corpos de três dos 252 reféns levados pelo grupo islamista, entre os quais o do brasileiro Michel Nisenbaum.
Na quinta-feira, o porta-voz do governo israelense, Avi Hyman, já sinalizara que ignoraria qualquer ordem da Corte Internacional de Justiça relativa à sua guerra contra os fundamentalistas palestinos, declarando: "Nenhum poder na Terra vai impedir Israel de proteger seus cidadãos e ir atrás do Hamas em Gaza."
av/ra (AP,AFP,Lusa)