Ucrânia assume ataque a porto russo; Moscou diz ter repelido

Kiev afirma que navio de desembarque de tropas teria sido fortemente atingido, mas Kremlin diz ter repelido investida. Guerra de imagens nas mídias dos dois países apresentam versões diferentes para o ocorrido.

Por Deutsche Welle

Autoridades ucranianas afirmaram que um ataque de drones a um dos principais portos da Rússia no Mar Negro nesta sexta-feira (04/08) gerou danos graves a um navio militar russo. Moscou, por sua vez, diz ter repelido a investida.

O ataque em Novorossisk, o último de uma série de estragos causados por aeronaves não tripuladas em solo russo, marca a primeira vez que um porto comercial da Rússia é atingido nos 18 meses desde o começo da invasão da Ucrânia pela Rússia.

O porto, onde está localizada uma base naval, um estaleiro e um terminal de petróleo, é de fundamental importância para as exportações do país e fica próximo à Península da Crimea, território ocupado ilegalmente pela Rússia desde 2014, onde as autoridades russas afirmam ter evitado mais um ataque durante a noite, interceptando em torno de 13 drones.

Segundo fontes do governo citadas pela agência de notícias AP, o Serviço de Segurança da Ucrânia e a Marinha do país realizaram o ataque a Novorossisk, que resultou em danos graves ao navio de desembarque de tropas Olenegorsky Gornyak.

O navio teria ficado incapacitado de realizar suas missões de combate, disse a fonte na condição de anonimato. Outra fonte anônima citada pela agência de notícias AFP confirmou o sucesso do ataque ao navio russo, dizendo que a embarcação era o alvo planejado.

Agências de notícias ucranianas divulgaram imagens de redes sociais que supostamente seriam do Olenegorsky Gornyak adernado (tombado sobre um lado) no porto de Novorossisk. Outras filmagens mostravam o que parecia ser um drone marítimo se aproximando de um navio.

Mais tarde, o porta-voz da inteligência militar ucraniana Andriy Yusov disse que o ataque em Novorossisk é uma boa noticia para o país e uma grande perda para Rússia, além de ser uma "tragédia" para a propaganda militar do Kremlin.

Yusov afirmou que esses navios de desembarque geram um risco estratégico para a Ucrânia, e ressaltou que investidas como essa vão continuar ocorrendo.

Mykhailo Podolyak, assessor do presidente Volodimir Zelenski, afirmou que os drones marítimos vão "mudar as regras do jogo" e terminar com a presença russa no Mar Negro. Segundo ele, a Ucrânia poderá garantir a "liberdade e segurança para o comércio mundial no Mar Negro".

Rússia diz ter repelido ataque

O navio projetado para transportar tropas e equipamentos foi enviado ao estaleiro local em 2014 para reparos. Normalmente, a embarcação integra a frota russa no Ártico.

Moscou, por sua vez, disse ter impedido o ataque em Novorossisk e que navios que patrulhavam o porto, incluindo o próprio Olenegorsky Gornyak, destruíram dois drones marítimos.

A empresa Consórcio do Oleoduto do Cáspio, que opera o terminal no porto, informou que o tráfego marítimo foi interrompido durante algumas horas, mas que suas instalações não sofreram danos. O governo local disse que não houve registro de mortes.

Imagens divulgadas pela imprensa e redes sociais na Rússia mostravam um navio atirando no mar e um objeto explodindo. A autenticidade das imagens divulgadas pelos meios russos e ucranianos não pôde ser confirmada de forma independente pela DW.

O incidente desta sexta-feira é o mais recente de uma série de ataques em solo russo nos últimos dias. No início da semana, drones atingiram duas vezes seguidas um edifício em Moscou. Em maio, o Kremlin foi alvo de um ataque semelhante, embora haja suspeitas de que possa ter sido uma encenação por parte dos russos.

Tensões no Mar Negro

O Mar Negro vem se tornando um campo de batalha cada vez mais relevante, principalmente após a Rússia se retirar do acordo para a exportação de grãos que permitia o escoamento da produção ucraniana através do mar.

Desde então, os russos vêm realizando ataques intensos aos portos ucranianos, o que agrava ainda mais o fornecimento mundial de alimentos após o país deixar o acordo firmado com a intermediação da ONU.

Bombardeios russos causaram danos e um incêndio de grandes proporções em uma instalação em uma região de Odessa considerada vital para as exportações ucranianas.

rc (AP, AFP, DPA)

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