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Um ano após massacre de Paraisópolis, nenhum PM envolvido foi indiciado

Massacre de Paraisópolis completa um ano

Da Redação, com Band Notícias

Danilo exibe foto da sobrinha Luara, uma das vítimas do Massacre no Baile da 17 Reprodução/Band
Danilo exibe foto da sobrinha Luara, uma das vítimas do Massacre no Baile da 17
Reprodução/Band


Um ano de um crime sem culpados. Na madrugada do dia 1º de dezembro de 2019, nove jovens foram mortos durante o Baile da 17, em Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, depois de uma ação policial. Os 31 PMs envolvidos estão afastados das ruas até hoje, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, mas nenhum deles foi indiciado até agora.

A Corregedoria da Polícia Militar chegou a pedir o arquivamento do caso, alegando que os policiais agiram em legítima defesa, mas de acordo com a promotora do Ministério Público responsável pelo caso, há indícios suficientes para denunciar parte dos policiais por homicídio doloso – quando há intenção de matar. O Ministério Público aguarda a conclusão da investigação da Polícia Civil para poder oferecer a denúncia.

A viela ainda guarda as marcas daquela noite: o arame e a proteção do portão ainda estão destruídos. Segundo moradores, foram arrancados na tentativa de fugir pela parte de cima.

“Medo aumentou”

As pinturas feitas em homenagem aos jovens encurralados na viela já se apagaram. Um ano depois da ação policial que terminou com a morte dos nove jovens, pouca coisa mudou em Paraisópolis.

“O medo aumentou dentro da comunidade. As pessoas já não se sentiam seguras de andar na rua, e hoje [também] não se sentem mais seguras... Vários jovens com problemas psicológicos...”, diz Igor Amorim, líder da comunidade.

Em homenagem às vítimas, a ideia é transformar a viela em um memorial a partir desta terça-feira, 1. Mas nenhuma homenagem vai acabar com a dor de Danilo Silva de Oliveira. Ele perdeu a sobrinha, Luara, que criava como uma filha.

“Morte não foi em vão”

“A Luara tinha acabado de fazer 18 anos. Mulher negra, periférica, órfã dos pais... Mas ela tinha o sonho de fazer um curso de manicure, trabalhar no salão de cabeleireira. E queria estudar. Queria estudar”, lamenta Danilo.

Ele já não tem esperanças na condenação dos policiais, mas depois da morte, intensificou o trabalho social em uma comunidade da Zona Sul.

“A gente já fazia trabalhos sociais, mas isso potencializou muito mais. Fez com que a morte não fosse em vão. Eu estou transformando isso. Nesse ano a gente já salvou mais de cinco vidas”, completa o tio de Luara.

Marcos Paulo dos Santos, Bruno Gabriel dos Santos, Eduardo Silva, Denis Henrique Quirino, Mateus Costa, Gustavo Xavier, Denis Guilherme, Gabriel de Moraes, Luara de Oliveira – nove vítimas que ainda aguardam por justiça.

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