Guerra entre Rússia e Ucrânia completa um ano sem previsão de paz

Iniciado em 24 de fevereiro de 2022 causou a morte de milhares de pessoas no maior conflito militar na Europa desde a Segunda Guerra

Por Karina Crisanto

A guerra na Ucrânia começou há exatamente um ano, em 24 de fevereiro de 2022, e já matou milhares de pessoas, entre civis e militares, número expressivo de refugiados em diversos países do mundo, cidades sob escombros de bombardeios e um novo temor de uso de armas nucleares entre potências bélicas globais. 

A invasão do exército da Rússia na madrugada daquela quinta-feira avançou de forma rápida por Kiev e em vários pontos estratégicos do país ouvia-se explosões e sirenes. Começava ali o maior confronto militar na Europa pós Segunda Guerra e sem uma perspectiva de paz. 

A Band fez uma cronologia dos momentos da guerra para entender o momento atual do conflito armado de Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. O período é marcado por sanções da União Europeia, apoio dos Estados Unidos e impacto na economia global. Veja abaixo. 

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, iniciada em 2014 com a anexação da Crimeia ao território russo, foi intensificada no começo de 2022, com a tentativa dos ucranianos de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O país do leste europeu é considerado um “escudo” para Moscou. 

O presidente da Rússia Vladimir Putin assinou um documento, em 21 de fevereiro, reconhecendo a independência das repúblicas separatistas de Luhansky e Donestsk, no leste ucraniano. Já em 22 do mesmo mês, Estados Unidos, União Europeia e o Reino Unido anunciaram as primeiras sanções contra a Rússia. O pacote inclui restrições que atingem bancos russos. 

Foi em 24 de fevereiro, uma quinta-feira, que o mundo acordou com cenas de explosões e sirenes ligadas: a Rússia havia invadido a Ucrânia. Naquela época, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou de “operação militar especial” e declarou que o objetivo da missão especial é desmilitarizar a Ucrânia, mas não ocupá-la. 

A Rússia passou a atacar a infraestrutura da Ucrânia no começo de março, por exemplo, a Usina Nuclear de Zaporizhzhya, a maior da Europa, foi atacada pelo Kremlin, resultando em incêndio. O fogo atingiu o terceiro, quarto e quinto andar de um prédio, que fica ao lado do complexo de reatores. As chamas foram apagadas no dia 3 de março, não houve vazamento de material radioativo e nenhum dos reatores foi atingido.  

Em abril, foi descoberto um massacre na cidade de Butcha, cidade vizinha de Kiev. Mais de 400 corpos foram encontrados pelas ruas. O presidente Zelensky acusou a Rússia de genocídio e crime de guerra. 

Em setembro, uma investigação independente da Organização das Nações Unidas concluiu que houve crimes de guerra na Ucrânia. O grupo da organização internacional encontrou supostas violações em quatro regiões: Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sumy. 

A Rússia anexou - sem o consentimento do governo da Ucrânia - as regiões de Zaporizhzhya, Kherson, Donetsk e Luhansk. Ao lado da Crimeia, anexada em 2014, equivale a cerca de 15% do território ucraniano.  

Com o conflito acirrado, o presidente russo Vladimir Putin anunciou que vai instaurar a lei Marcial nas quatro regiões anexadas, que é uma medida temporária que ocorre quando há uma crise. Com isso, os militares passam a administrar esses territórios, podendo restringir a liberdade das pessoas. 

Com o inverno extremamente rigoroso no país do leste europeu, Moscou adotou a estratégia, novamente, de atacar a infraestrutura de energia da Ucrânia, que passou a sofrer com a falta de luz e a estação de bastante frio se tornou aliada do presidente Vladimir Putin. Os ucranianos passaram a sofrer com a falta de aquecimento e de água. 

Em janeiro, os Estados Unidos e a Alemanha anunciaram o envio de tanques de guerra para a Ucrânia. Com a decisão dos países que apoiam Kiev, a perspectiva é que as tropas ucranianas sejam mais ofensivas. 

Refugiados 

Segundo informações divulgadas pelo Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a guerra na Ucrânia gerou a segunda maior crise de deslocamento do mundo, tanto dentro do território ucraniano (pelo menos 5 milhões) quanto em outros países do continente europeu (8 milhões). Veja alguns dados:

  • A maioria das pessoas refugiadas e deslocadas internas da Ucrânia – cerca de 77% e 79%, respectivamente – quer voltar para casa um dia. No entanto, apenas 12% planejam fazê-lo nos próximos três meses.
  • Os principais impedimentos para o retorno dos refugiados são as preocupações com segurança em suas áreas de origem. Outras preocupações citadas são sobre o acesso e a disponibilidade de serviços básicos – incluindo eletricidade, água e saúde, oportunidades de trabalho e moradia adequada, todos fortemente impactados pela guerra.
  • Entre os deslocados internos, o acesso à moradia adequada é a segunda principal barreira para um retorno sustentável e digno, depois de considerações com segurança e proteção.
  • Os refugiados que expressaram a intenção de retornar nos próximos três meses eram principalmente os mais velhos, os separados de familiares que permanecem na Ucrânia ou os que enfrentavam desafios de inclusão nos países de acolhida.

“O sofrimento humano e as dificuldades causadas pela guerra estão além da compreensão. Com um terço da população da Ucrânia forçada a deixar sua casa, a situação permanece imprevisível. Devemos continuar respondendo às necessidades das pessoas deslocadas e garantir sua segurança até que possam voltar para casa”, afirmou Pascale Moreau, diretora regional do ACNUR para a Europa.

Guerra nuclear

A guerra da Rússia na Ucrânia ganha um novo cenário a partir de agora. Putin anunciou a suspensão da participação do Kremlin no tratado de controle de armas nucleares assinado com os Estados Unidos e ameaçou o Ocidente ao afirmar que colocou novas armas à disposição para combate, sem citar quais equipamentos são ou se podem ser armas nucleares. 

“Existe a possibilidade, mas é muito remota. Qualquer uso de armas nucleares por parte da Rússia geraria resposta dos Estados Unidos e de outros países membro da Otan com uma retaliação a Moscou”, afirmou o professor de relações internacionais da ESPM, Roberto Uebel, em entrevista ao podcast Pare o Mundo que eu Quero Saber, do Grupo Bandeirantes. 

Ajuda financeira 

A Ucrânia recebeu dos Estados Unidos quanto países da União Europeia, como Alemanha,  bilhões de dólares em ajuda humanitária, militar e financeira desde o início da ostensiva russa. Parte do financiamento terá de ser pago por Kiev futuramente. 

Cidades fantasmas 

O sul da Ucrânia foi palco de algumas das batalhas mais violentas da guerra que está completando um ano. Derrotada nessa região, a Rússia bateu em retirada para o outro lado do rio "Dnipro", deixando para trás cidades fantasmas. O  repórter Yan Boechat, do Jornal da Band, visitou a cidade de Kherson para a série “Diário de Guerra, um ano depois”.

Ucrânia resiste

Um ano depois do início da guerra, os ucranianos já se acostumaram a viver em constante estado de alerta. Para o conflito que já deixou milhares de mortos não existe nenhuma negociação de paz à vista. 

A Rússia, uma das maiores potências militares do planeta, não conseguiu subjugar a Ucrânia em poucos dias como acreditava ser possível. E a Ucrânia, com o apoio dos países da Otan, em especial dos Estados Unidos, infligiu derrotas importantes à Rússia e ao longo do ano recuperou parte dos territórios que havia perdido no início da guerra. 

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