O pesquisador Pedro Hallal lamentou a descontinuação do inquérito epidemiológico Epicovid-19 da Universidade Federal de Pelotas, o qual ele era coordenador.
O Epicovid, que custava R$ 12 milhões aos cofres públicos, foi interrompido em junho de 2020 e até maio deste ano, quando foi anunciado o Prevcov por R$ 200 milhões, o país ficou sem um estudo nacional equivalente.
Questionado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) se o valor do Prevcov seria exorbitante, ele disse que não faria essa afirmação, mas que caberia uma investigação pela comissão.
"Um inquérito epidemiológico com 200 mil pessoas custar R$ 200 milhões chama muita atenção", comentou Hallal.
"O contrato com o Epicod era um contrato de três fases. Ele foi integralmente cumprido o contrato do Epicovid. O que aconteceu foi que dali para frente o Ministério da Saúde decidiu não continuar monitorando a evolução epidemiológica da pandemia. Essa é uma decisão do Ministério da Saúde, disse ele em seu depoimento à CPI.
Hallal contou ainda que sugeriu à pasta que seguisse o estudo mesmo que com outro instituto de pesquisa. "Tendo em vista a minha postura crítica ao governo em relação a esse assunto, eu disse na reunião, 'senhores do ministério, existem dezenas de grupos de epidemiologistas no Brasil extremamente capacitados para conduzir um estudo parecido com o Epicovid. Se não tem a intenção de continuar com Epicovid com a Universidade de Pelotas, por qualquer que seja a razão, por favor, sigam esse monitoramento com qualquer outra universidade'", relatou.
Segundo ele, pelo menos 30 universidades brasileiras poderiam ter continuado o inquérito epidemiológico. O pesquisador acredita que o resultado do estudo por etnia, que mostrava uma mortalidade maior entre indígenas, pode ter desagradado o governo e disse que o ministério censurou um slide sobre o assunto na apresentação da pesquisa. Hallal disse que não foi informado sobre o fim da parceria com o Ministério da Saúde e que soube sobre a descontinuação pela imprensa.