Os recém-empossados membros do Parlamento Europeu reelegeram nesta quinta-feira (18/07) a alemã Ursula von der Leyen para um segundo mandato de cinco anos como presidente da Comissão Europeia. Foram 401 votos a favor, 284 contra e 15 abstenções. Ela precisava de uma maioria de pelo menos 361 votos dos 720 assentos do parlamento para ser reeleita.
A reeleição sela a continuidade da liderança do bloco de 27 países, que enfrenta crises que vão desde a guerra na Ucrânia até mudanças climáticas, migração, falta de moradia e alta no custo de vida.
A Comissão Europeia é o órgão executivo da União Europeia, com sede em Bruxelas. Tem a função tanto de apresentar propostas como de executar o que é aprovado pelo Parlamento Europeu, como leis e orçamento. É composta por comissários de cada país do bloco e um presidente.
Von der Leyen levantou os dois punhos em sinal de vitória enquanto a presidente do parlamento, Roberta Metsola, anunciou o resultado. "Mais cinco anos. Não tenho palavras para expressar o quanto sou grata pela confiança de todos os deputados que votaram em mim”, disse ela na rede social X (antigo Twitter).
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, foi rápido em enviar suas felicitações pelo X, chamando a reeleição de von der Leyen de "um sinal claro de nossa capacidade de agir na União Europeia, especialmente em tempos difíceis".
Resistência dentro e fora do partido
Apesar de seu bloco de centro-direita, o Partido Popular Europeu (PPE), ser o maior no parlamento, von der Leyen não tinha garantia sobre sua vitória. Após as eleições europeias em junho, líderes tiveram que fazer um acordo sobre sua candidatura.
A maior resistência vinha de figuras da extrema direita, como a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, que reclamam ser excluídas dos diálogos na casa.
A presidente também enfrentou resistência de seu próprio partido. Como a votação é secreta, os eurodeputados sofrem menos pressão para se ater às linhas partidárias. Um grupo de legisladores franceses do PPE escreveu uma carta acusando von der Leyen de "desvio tecnocrático", ameaçando não votar nela.
A política alemã foi elogiada por seu papel de liderança durante a pandemia de covid-19, quando a UE comprou vacinas coletivamente para seus cidadãos. Mas ela também foi alvo de críticas pela opacidade das negociações com os fabricantes de vacinas.
O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), inclusive, anulou na quarta-feira (17/07) a decisão da Comissão Europeia de ocultar certas partes dos contratos relativos a compras de vacinas.
Antes do início da votação no parlamento, a maioria dos legisladores rejeitou uma moção de um bloco de esquerda pedindo que a eleição fosse adiada até setembro em função da decisão judicial.
Eurodeputados centristas da Irlanda também anunciaram não votar nela devido à sua posição sobre as operações militares de Israel em Gaza.
Compromissos ambientais e de segurança
Em um aparente esforço para apaziguar os críticos no período que antecedeu a votação, von der Leyen disse que pressionaria mais por um cessar-fogo.
"O derramamento de sangue em Gaza deve parar agora", disse. E acrescentou que "o povo de Gaza não pode suportar mais, a humanidade não pode suportar mais... Precisamos de um cessar-fogo imediato e duradouro. Precisamos da libertação dos reféns israelenses e precisamos nos preparar para o dia seguinte."
Ela também prometeu reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 90% até 2040, dizendo que uma nova lei de energia também reduziria os preços para os consumidores.
Von der Leyen também se comprometeu a continuar apoiando a Ucrânia e a reforçar a agência de segurança de fronteiras da UE, a Frontex, e a reduzir a migração irregular.
"Precisamos fortalecer a Frontex para torná-la mais eficaz, respeitando plenamente os direitos fundamentais. Vou propor triplicar o número de guardas de fronteira e costeiros europeus para 30 mil", disse ela.
Ao lado de von der Leyen estarão duas caras novas: Antonio Costa, de Portugal, como presidente do Conselho Europeu, e Kaja Kallas, da Estônia, como a principal diplomata do maior bloco comercial do mundo.
Enquanto a nomeação de Costa precisou apenas da aprovação de líderes, Kallas também precisará ser aprovada pelos legisladores europeus no final deste ano.
sf (AP, ots)