De volta à CPI da Pandemia para seu segundo depoimento nesta terça-feira (8), o ministro da Saúde Marcelo Queiroga foi questionado sobre vacinação, medicamentos considerados ineficazes e a postura do presidente Bolsonaro em relação a medidas preventivas. A sessão foi marcada por bate-boca.
Queiroga foi reconvocado para esclarecer pontos considerados mal explicados. Logo no início, uma saia justa. Perguntado se a postura do presidente, promovendo aglomerações e sem o uso integral de máscara prejudica o combate à covid-19, o ministro da Saúde reagiu.
“Eu não sou um censor do Presidente da República. Eu faço parte de um Governo. O Presidente da República não é julgado pelo Ministro da Saúde. As recomendações sanitárias estão postas. Cabe a todos aderir a essas recomendações”, explicou o ministro, que foi rebatido pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM)
“Mas é constrangedor o senhor, como ministro, orientar a população toda a ter os cuidados necessários, e o chefe maior da Nação, que deveria ouvir o seu Ministro de Saúde, não ouve”, justificou.
Sobre o chamado “kit covid”, Queiroga havia defendido que a decisão de prescrever os remédios deve ser dos médicos. Agora, se posicionou contra.
“Para mim, não há evidência comprovada da eficácia desses medicamentos”, respondeu.
Ele foi cobrado sobre não ter lido a bula das vacinas para imunizar gestantes. Deu bate- boca com o senador Otto Alencar (PSD-BA). Assista abaixo:
Queiroga admitiu que o ritmo de vacinação está abaixo do esperado e culpou a demora no envio da matéria-prima, importada, e a imunização lenta de pessoas com comorbidades. Ele confirmou negociações com mais dois laboratórios chineses para a compra de doses.
Além da CoronaVac, que já está sendo aplicada, a ideia é adquirir vacinas da Sinopharm e CanSino.
O ministro confirmou ainda que, mesmo enfrentando a maior pandemia da história por uma doença infectocontagiosa, o Ministério da Saúde não tem médicos infectologistas em seus quadros.
"O Ministério da Saúde, ao longo do tempo, tem perdido quadros. Não temos, no Ministério da Saúde, médicos-infectologistas. Temos a doutora Carolina (Palhares), que é médica infectologista, mas ela é servidora da CGU. Ela não está ali na função de médica infectologista. O que nós temos são médicos consultores, que nos apoiam (...) Por exemplo, o doutor Clóvis Arns que é presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia tem atuado juntamente com o professor Carlos Carvalho na elaboração dos protocolos. Há outros colegas que são colaboradores eventuais que eu sempre consulto", afirmou ele.