Walter Delgatti Neto, conhecido como o hacker da Vaza Jato, presta depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (16). Ele está preso desde o dia 2 de agosto, quando a PF deflagrou uma operação que investiga a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para emitir falsos alvarás de soltura e um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Ele estava preso no Centro de Detenção Provisória de Araraquara; Da cidade do interior de São Paulo, o hacker embarcou em um avião da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira e foi para a sede da PF em Brasília.
A Polícia Federal quer esclarecimentos referente à operação, que teve como alvo, além de Delgatti, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A expectativa de um acordo de delação premiada.
Caso o acordo seja fechado, o depoimento dele à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga os atos de 8 de janeiro, pode ficar prejudicado, já que, caso a delação aconteça, Delgatti pode se declarar impedido de prestar depoimento aos parlamentares.
Delgatti é conhecido como hacker da Vaza Jato, por seu envolvimento no vazamento de trocas de mensagem entre o ex-juiz responsável pela Operação Lava Jato Sergio Moro e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol. O caso culminou na anulação de diversas condenações judiciais.
Operação da Polícia Federal
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, mandou a Polícia Federal apreender armas, passaporte e bens da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) durante a Operação 3FA, deflagrada pelo órgão em 2 de agosto.
A operação da PF tem como objetivo esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Além de Zambelli, o hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti, foi alvo da operação e preso de forma preventiva.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse que recebeu “com surpresa” a operação da Polícia Federal, que fez buscas e apreensões nos endereços dela.
“Foi com muita surpresa que eu recebi a Polícia Federal na minha casa, às 6h da manhã, com minha mãe e meu filho dormindo em casa e em que foram apreendidos meu passaporte, meus dois celulares e mais um HD que tem coisas da minha vida do Legislativo, enfim desses quatro anos e meio de mandato”, comentou a parlamentar em entrevista coletiva.
Na operação, Moraes mandou a Polícia Federal apreender armas, passaporte e bens de Carla Zambelli.
Depoimento de Delgatti à PF
Em depoimento à Polícia Federal (PF) em 2 de agosto, o hacker Walter Delgatti Neto disse que recebeu pagamentos da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para prestar serviços cibernéticos, e que a parlamentar pediu que ele invadisse o telefone celular e o e-mail do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes, a parlamentar teria solicitado a invasão à urna eletrônica ou aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Delgatti, porém, declarou não ter conseguido acesso aos sistemas eleitorais.
Segundo a PF, no depoimento, Delgatti contou ter se encontrado com a deputada em um posto de gasolina na Rodovia Bandeirantes, em setembro de 2022, e que ela lhe teria dito “que, caso o declarante conseguisse invadir os sistemas, teria emprego garantido, pois estaria salvando a Democracia, o País, a liberdade”.
Delgatti afirmou ainda ter se encontrado com o ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado, no Palácio da Alvorada, onde foi questionado sobre a possibilidade de invasão da urna eletrônica. De acordo com a Polícia Federal, ele explicou que “isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá”. Tal visita já havia sido revelada pela revista Veja.
Outro lado
Em nota, a defesa de Carla Zambelli confirma a realização de mandados de busca e apreensão em seus endereços nesta quarta-feira e diz que "a medida foi recebida com surpresa, porque a deputada peticionou, através de seu advogado constituído, o Dr. Daniel Bialski, colocando-se à disposição para prestar todas informações necessárias" e que,"em nenhum momento, a parlamentar deixou de cooperar com as autoridades".
"Respeita-se a decisão judicial, contudo, refuta-se a suspeita que tenha participado de qualquer ato ilícito. Por fim, a Deputada Carla Zambelli aguardará, com tranquilidade, o desfecho das investigações e a demonstração de sua inocência”, acrescenta o texto.