Yarden Bibas é liberado pelo Hamas; outros reféns já deveriam já ter sido libertados

Foi o 14º dia dos 33 de cessar fogo de 42 dias. Restam 12 reféns em cativeiro

Por Moises Rabinovici

Yarden Bibas é liberado pelo Hamas; outros reféns já deveriam já ter sido libertados
Yarden Bibas
Reprodução

Da família símbolo dos reféns israelenses, um só membro foi devolvido neste sábado pelo Hamas: Yarden Bibas, 35, pai de um bebê e de um menino de cinco anos, e marido de Shiri, os quatro sequestrados no mesmo dia, mas em locais diferentes. 

Mãe e filhos deveriam já ter sido libertados, pelo acordo. Pode ser que estejam entre os oito corpos que serão ainda trocados por prisioneiros palestinos.

Mesmo sem esperanças, muitos israelenses vestiram laranja, a cor dos cabelos das crianças, na Praça dos Reféns, em Tel-Aviv. Por telões, viram Yarden Bibas que, quando sequestrado, há 484 dias, sangrava na cabeça, na garupa de uma moto pilotada por um terrorista. 

Levado a um palanque em Khan Yunis, seguiu o script do Hamas para libertá-lo: acenou e sorriu à frente de cartazes anti-israelenses cantando vitória na guerra de 15 meses que destruiu Gaza.

“Um quarto do nosso coração voltou para nós. Yarden voltou para casa, mas a casa permanece incompleta. Yarden é um pai que foi proteger a sua família, sobreviveu bravamente ao cativeiro e voltou para uma realidade insuportável”, disse sua irmã Ofri.

Em novembro de 2023, o Hamas disse a Yarden Bibas que sua mulher e filhos tinham morrido num bombardeio aéreo israelense. O exército de Israel não o confirmou, mas suspeitava que os três estavam mortos. A família morava no kibutz Nir Oz.

O Hamas pôs ordem no show que tem produzido para entregar os reféns. Em vez de fazer cada um abrir caminho numa multidão, agora os levaram em picapes brancas até o palco em que os apresentaram. As picapes brancas provocam arrepios nos israelenses: elas carregavam homens armados na invasão de Israel em 7 de outubro, e muitas voltaram para Gaza com os 254 reféns.

Com Yarden Bibas foram libertados Ofer Calderon, pai de quatro filhos, dois deles ex-reféns, e o americano-israelense Keith Siegel, cuja noiva, Aviva, também, foi feita refém. Em troca, Israel libertou 183 prisioneiros — 150 em Gaza, 32 na Cisjordânia e um enviado para o Egito. 

Foi o 14º dia dos 33 de cessar fogo de 42 dias. Restam 12 reféns em cativeiro. No 16º dia, como previsto no acordo da primeira fase, deverá começar a negociação para a segunda fase, em que mais 24 reféns devem ser trocados pela retirada total de Israel de Gaza e o fim permanente da guerra.

Dois dias depois da primeira rodada das novas negociações, na quarta-feira, o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu devem se encontrar em Washington. 

Trump antecipou que não quer o Hamas em Gaza e ventilou a ideia de transferir os palestinos para a Jordânia e o Egito, num movimento a que chamou de “limpeza”. Seu enviado especial ao Oriente Médio, Steve Witkoff, disse durante a semana que a reconstrução de Gaza poderá levar até 15 anos e que hoje ela está inabitável. 

Netanyahu está encurralado pela extrema-direita: se ele estender o acordo, poderá perder a maioria no Parlamento, não tendo outra escolha senão convocar novas eleições em Israel. Se quebrar o acordo, a guerra recomeça, ele mantém sua coligação e o poder, mas os reféns restantes poderão ser mortos.

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