As vitórias dos partidos de Centro nas eleições das mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado podem ser uma oportunidade para o governo, mergulhado em uma crise política. Essa é a avaliação de Cláudio Humberto, colunista do Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes. "O governo assistiu de camarote a vitória dos partidos de Centro, como não se via há tempos no país", avalia.
Mas nos bastidores, a escolha dos integrantes das mesas diretoras teve outra pauta importante. "Falou-se mais na reforma ministerial do que nas eleições, que nem precisava ter, já estava tudo articulado. A constatação geral é que o governo não está dando certo", comenta.
"Lula resiste às mudanças ministeriais, há poucos meses ele chegou a dizer que não se mexe em time que está ganhando, mas começou a entender que o time está perdendo. A pressão entre os próprios integrantes do governo é que seja feita uma limpeza de petistas no Palácio do Planalto", conta Cláudio Humberto.
O colunista afirma que há temor com a vinda de Gelisi Hoffmann, presidente do PT, no governo Lula. "Conhecida como agressiva por adversários e aliados, não pode ajudar Lula a recompor forças e reagrupar aliados de antes, ela, ocupando a Secretaria-Geral da Presidência, deve se juntar aos assessores palacianos empenhados em articular perseguição e vingança do que cumprir promessas de campanha. Mais de 2 anos após a posse o governo não entrega nada", diz Cláudio Humberto.
Segundo o colunista, algumas demissões são dadas como certa, como Alexandre Padilha. "Ele fracassou na articulação política no Congresso. Agora, Lula gosta de Nísia Trindade, mas reconhece o fracasso no Ministério da Saúde, então Padilha pode ser transferido para a pasta", afirma.
Há outras mudanças pontuais, mas não se espera do governo uma reforma ministerial ampla, com visão mais centrista. "De qualquer maneira, se espera que esses partidos de centro tenham voz mais ativa no governo. O centrão não existe mais como instituição, quando foi criado lá atrás, há partidos de centro, que se aproximam, mas é provável que esse centrão, na prática, se reestabeleça com Arthur Lira", comenta.