"O Brasil falha ao não colocar reservatórios na construção das usinas hidrelétricas”, diz José Goldemberg

Gleice Prado, da redação

José Goldemberg é o entrevistado do programa Jornal Gente
José Goldemberg é o entrevistado do programa Jornal Gente
Divulgação

A construção de hidrelétricas sem reservatórios colocou o Brasil na rota de crises no fornecimento de energia.

É o que afirma o físico José Goldemberg, ex-dirigente de quatro grandes estatais do setor.

Até o fim da década de 1990, as usinas eram projetadas levando em conta as características climáticas do país.

Como no Brasil não chove em parte do ano, os reservatórios guardavam água suficiente para geração no período seco.

José Goldemberg explica que, a partir de então, o modelo de construção das hidrelétricas foi alterado.

Segundo o especialista, um bom exemplo é Belo Monte, no Pará, que vem gerando uma quantidade de energia insignificante perto do que poderia.

Pelo projeto original, a usina deveria ter mil e 200 quilômetros quadrados de área alagada, mas pressões ambientalistas reduziram o espaço para cerca de um terço disso.

Se a quarta maior hidrelétrica do mundo em potência instalada gerasse o que poderia, não haveria crise energética, constata José Goldemberg.

Como alternativa, o governo federal recorreu às usinas térmicas, que tem uma operação mais cara e são mais poluentes.

A conta já chegou ao bolso do consumidor, e o que vem pela frente não é desalentador, alerta o físico José Goldemberg.