O desastre dos temporais que afeta o Rio Grande do Sul nos últimos dias causa diferentes preocupações de acordo com a localização e as características das cidades. O município de Chuí, por exemplo, localizado no extremo sul do Brasil na fronteira com o Uruguai, sofre com a falta de abastecimento, além das ameaças de frio e fortes ventos, como contou o prefeito Marco Antônio Barbosa em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta terça-feira.
"Nós estamos na ponta do Brasil. Aqui começa o Brasil, dentro da pontinha. Estamos quase dentro do Uruguai. e a frente fria aqui ela chega com muita força. Aqui não está calor. Pelotas fica a 250 km daqui e ontem estava 30 graus. Aqui não, aqui nunca passou dos 22 graus, e hoje está uns 18 graus. Nós temos uma vantagem em relação a outras cidades porque aqui não tem rio. Nós temos um arroio que fica a 1,5 km do centro da cidade. Tem um bairro muito pequeno localizado à margem desse arroio. A Defesa Civil já foi lá e aconteceu de nós termos que retirar pessoas de lá, nós estamos aqui em prontidão", disse.
A preocupação maior no momento, segundo o prefeito, é que o Chuí fique isolado e sofra com uma crise de abastecimento nos próximos dias. "Nós estamos apreensivos aqui e perplexos com a situação do Estado. O que nos preocupa mais hoje, além da chuva, é o desabastecimento. Aqui no Chuí, nós ainda temos a vantagem de pegar alguma coisa no Uruguai, mesmo que o preço seja bem mais caro. Mas já está faltando aqui gás de cozinha, o combustível estamos racionando para manter os veículos da Saúde, da Secretaria de obras e Defesa Civil em funcionamento", disse Marco. "A maior preocupação dos prefeitos é de ficarmos isolados com tudo, inclusive no recebimento de medicamentos, alimentos e tudo mais".
Localizado em uma região mais alta que muitas das cidades gaúchas que sofrem com as enchentes, o Chuí teme que os ventos dos próximos dias causem ainda mais estragos na cidade. Outra preocupação é quanto ao comércio nos próximos meses, considerado um dos carros-chefe da economia do município.
"A gente está preocupado aqui com o vento porque nós estamos perto do mar. Aqui nós temos 9 km de Oceano Atlântico e a gente fica apreensivo com o vento, que já fez bastante estragos aqui na nossa cidade", disse o prefeito. "O Chuí é o comércio, nós trabalhamos com o comércio aqui por causa da fronteira com o Uruguai. Temos um fluxo muito grande, então vai acabar afetando, porque esse produto vai subir. O Uruguai tem três milhões de habitantes e vem comprar aqui, nós vivemos disso. Nós já estamos sofrendo com o abastecimento dos mercados e um detalhe importante: o Uruguai hoje está praticamente 100% em alerta vermelho por causa dos temporais".