Entenda causas das queimadas históricas que ocorrem no Pantanal

Mudanças climáticas globais somadas a queimadas provocadas para limpar pastagens criaram número recorde de focos de incêndio

Entenda causas das queimadas históricas que ocorrem no Pantanal
Em seis meses, fogo consome mais de 338 mil hectares do pantanal em MS
Joédson Alves/Agência Brasil

O Pantanal enfrenta uma das piores temporadas de queimadas já registradas, com 3.262 focos de incêndio registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é 22 vezes mais do que no mesmo período do ano passado.  

As queimadas no Cerrado também atingiram números alarmantes, com 12.097 focos registrados. Esses incêndios não são incidentes isolados e resultam de uma combinação complexa de fatores climáticos e humanos.

A especialista em Direito Ambiental, Samanta Pineda, explicou que embora as mudanças climáticas desempenhem um papel importante na disseminação do fogo, a maior parte das queimadas são provocadas intencionalmente.  

O motivo é para limpar pastagens. Isso, somado a mudanças climáticas globais, que facilitam eventos extremos, como enchentes e incêndios, criou condições propícias para a propagação do fogo.  

"A terra vinha batendo recordes de temperatura, nós tínhamos o El Niño e nós tivemos as enchentes histórcias no Rio Grande do Sul. Era certo que essa seca seria muito severa", aponta Pineda.

O planeta vive um momento crítico com temperaturas recordes nos últimos 11 meses, um claro indicativo das mudanças climáticas em curso. 

Com o aumento de temperatura e queda de umidade, a seca intensa, as queimas controladas para limpeza de pastagem podem facilmente se descontrolar.

A falta de autorizações para queimadas controladas também fez com que a prática fosse realizadas de forma ilegal, agravando a situação.

Pecuária intensiva e ação do governo

Além disso, Pineda aponta que a transição de pecuária extensiva para intensiva no Pantanal, onde o gado é mantido em áreas menores, contribui para o acúmulo de massa seca, aumentando o risco de incêndios.  

A prática tradicional de pastagem extensiva, onde o "boi bombeiro" ajudava a controlar o crescimento excessivo da vegetação, foi reduzida, deixando grandes áreas de pastagem secas e propensas ao fogo.

Outro fator agravante, segundo a especialista, é a ausência de campanhas preventivas e de conscientização por parte do Governo Federal. De acordo com Pineda, o governo deveria negociar com órgãos como o Ibama e o ICMBio, além de elaborar estratégias efetivas de prevenção.

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