Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo e coordenador da força-tarefa do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Lincoln Gakiya concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes e falou sobre a atuação contra o crime organizado.
Gakiya pontuou que 'seguir o caminho do dinheiro' exige um alto grau de dificuldade por parte dos investigadores, já que o crime envia remessas de dinheiro para fora do Brasil e conta com ajuda externa para enviá-lo de volta ao país.
"Seguir o caminho do dinheiro é o desafio. O que a gente conseguiu demonstrar é que o PCC havia mandado R$1.2 bilhão ao Paraguai. O dinheiro não está no Brasil. Eles fazem um recolhe desse numerário, do tráfico, de roubo e outras atividades ilícitas e encaminham para o Paraguai. Lá temos uma extrema dificuldade de colaboração. Passa por casas de câmbio e outros criminosos", explicou.
"O mesmo acontece com a cocaína exportada para a Europa. Esse dinheiro não vem direto ao Brasil. Eles pagam 10% para um operador financeiro para mandar o dinheiro para quem quiser", completou o promotor.
Lincoln informou que o grupo de trabalho da força-tarefa do Gaeco passou para a fase do "branqueamento estruturado de capitais", que investiga a atuação do crime no agenciamento de atletas no futebol, na gestão de carreira de músicos e artistas e na criação de bancos digitais, as fintechs.
"Tenho falado sobre isso e logo vocês terão notícias de investigações ligadas a bancos digitais. Para o criminoso, hoje, melhor do que arumar laranjas para diluir seu dinheiro em contas fantasmas, ele está montando o próprio banco digital. O Banco Central já foi avisado, o COAF e o governo federal. A própria Febraban está preocupada", informou.
"Temos também a participação desses criminosos em Fundos de Investimentos Privados. É uma gama muito grande de negócios, de atividades econômicas ilícitas para a Polícia e o Ministério Público investigar e ir atrás do dinheiro", disse.