A Medida Provisória publicada pelo governo Lula que permite que a Conab, empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, compre até 1 milhão de toneladas de arroz por conta das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul foi criticada pelo comentarista político da Rádio Bandeirantes Cláudio Humberto. O analista disse que parlamentares estão estranhando essa MP e que consideram que o risco de desabastecimento do produto inexiste no momento.
"Os produtores consideram que essa importação, além de estranha, é desnecessária no ponto de vista dos produtores de arroz do Rio Grande do Sul. A Federação das Associações dos Arrozeiros do estado, que representa 6.000 produtores, diz que esse risco de desabastecimento inexiste, simplesmente é uma fantasia", disse Cláudio Humberto.
"Essa entidade de arrozeiros diz que grande parte da safra 2023/2024 já foi acolhida e está em condições de distribuição, o que corresponde a 7.550 toneladas. Portanto, o suficiente para abastecer o mercado brasileiro, tanto assim, que hoje não existe carência ou falta de arroz em lugar nenhum do país", afirmou o analista.
A justificativa dada pelo governo para a MP é repor os estoques após as perdas causadas na agricultura pelas enchentes no Rio Grande do Sul, esponsável por cerca de de 70% do total produzido no País e do consumo nacional. Segundo o ministério, a importação evitará especulação financeira e estabilizará o preço do produto nos mercados de todo o País.
Cláudio Humberto ainda criticou os gastos excessivos do governo e quem deve ser beneficiado por essa compra. "O que levou o governo e o presidente a autorizar essa importação milionária, na verdade, não se sabe ao certo. Mas quem está feliz com isso são as empresas importadoras, essas estão rindo à toa, celebrando desde o fim de semana com a notícia de que a pressão deles deu certo e eles vão, num primeiro momento, simplesmente faturar R$ 416 milhões na importação de arroz, o que não é necessário".
"É tudo muito estranho, mas enfim, a gente sabe como é que certas figuras de governo agem. Para a classe política é um filme que já foi visto em outras ocasiões: aproveitar-se de uma situação de absoluto desespero, de carências generalizadas, para alguém faturar algum, é uma tristeza", disse o comentarista, que ainda sugeriu como o governo deveria agir nesse momento de ajuda aos produtores agricolas.
"O vice-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Rodolfo Nogueira, que é do Mato Grosso do Sul, estado que também é grande produtor agrícola, disse que essa medida provisória do presidente Lula é intempestiva e desnecessária, é tudo muito estranho. Esse deputado disse, inclusive, que é preciso o governo se concentrar em ações no sentido de permitir o escoamento da produção, não só de arroz, como de todos os demais produtos no Rio Grande do Sul. Isso sim é que é necessário, se concentrar na recuperação de estradas, investir nisso, porque importar arroz, de fato, é algo desnecessário, mas sobretudo muito estranho".