O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes declarou nesta quarta-feira (31), em entrevista exclusiva ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, que “parece bastante real” a suspeita de que dezenas de autoridades, políticos e civis foram investigados de maneira ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
"Infelizmente parece bastante real. Não é a primeira vez que a gente vê algum tipo de manipulação no âmbito da Abin. Parece que não foi esse o sistema que construimos após 1988 para substituir o malfadado SNI. Não tem sido um exemplo bem sucedido", declarou.
A investigação da Polícia Federal identificou uma tentativa da Abin de associar Gilmar Mendes e o também ministro Alexandre de Moraes à facção criminosa PCC quando o órgão era subordinado ao hoje deputado federal Alexandre Ramagem, durante o governo de Jair Bolsonaro. O esquema envolveria a espionagem ilegal de autoridades.
O magistrado ressaltou que essa não é a primeira denúncia de excessos supostamente cometidos pela agência.
Há uma série de disfuncionalidades. Já tivemos no passado, no primeiro governo Lula, episódios envolvendo a Abin, agora estamos assistindo a essa situacão, que será devidamente esclarecida com as investigações feitas pela Polícia Federal.
Gilmar Mendes também comentou a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski para o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Para ele, a opção pelo ex-companheiro de Supremo foi benéfica por se tratar de uma pessoa “moderada” e que “trabalha com conceitos jurídicos de maneira firme”.