Um estudo publicado pela Universidade de Lund, na Suécia, apontou uma possível ligação entre tatuagens e um maior risco de pessoas contraírem linfoma maligno, uma espécie de câncer do sistema linfático.
Segundo a pesquisa, ter uma tatuagem pode aumentar em até 21% o risco de desenvolver a doença.
Segundo Vanderson Rocha, professor de hematologia da USP, apesar do estudo trazer um dado preocupante, são necessárias mais pesquisas antes de afirmar qualquer relação das tatuagens com linfomas.
“São estudos que ainda não mostram uma causalidade, mas uma associação. Nós não podemos ainda afirmar com certeza absoluta que a tatuagem causa o linfoma”, afirmou Rocha, em entrevista para a Rádio Bandeirantes.
Segundo o professor, o estudo não aponta o que pode causar esse maior risco de câncer. Os autores chegaram a especular algo relacionado com a tinta sendo absorvida pelo linfonodos ou até mesmo o uso de laser para a remoção de tatuagens. Curiosamente, o tamanho do desenho parece não ter relação com o risco maior ou menor.
“A gente sabe que os linfonodos estão presentes no organismo todo. Por exemplo, você tem uma infecção no dente, você vai ter uma íngua embaixo do queixo ou na mandíbula mostrando que é uma reação normal, para tentar vencer aquela infecção. No caso da tatuagem, a gente imagina que também é como se tivesse uma agressão a esses linfonodos, e no futuro vão desenvolver um tipo de câncer. Mas isso tudo são hipóteses”, explica o professor.
Tenho tatuagem, devo me preocupar com linfoma?
O professor Vanderson Rocha diz que não há motivo para pânico. O conselho que dá para quem tem tatuagem é o mesmo para quem nunca entrou em um estúdio na vida: fique em dia com os seus check-ups, para conseguir localizar um câncer em fase inicial.
“O que a gente aconselha, independente desse estudo, é que as pessoas façam o check-up. Principalmente aquelas que já tem uma tendência maior a câncer na família, como, por exemplo, câncer de intestino, câncer de mama, façam um check-up anual a partir de 45 anos”, explica Rocha.
O que professor também ressalta é que a pessoa com tatuagem precisa ficar atenta a pelo menos um tipo de câncer: o de pele.
“Elas dificultam muito diagnóstico de câncer de pele. Dependendo da área, você tá escondendo o início de um um câncer, porque tá tudo ah escondido ali atrás. Então gente sabe que existe essa relação, da dificuldade de fazer um diagnóstico mais precoce nos cânceres de pele”, explica.
O que aponta o estudo sueco
- A pesquisa da Universidade de Lund relacionou pessoas com tatuagens a um maior risco de linfoma maligno, uma espécie de câncer.
- Segundo o estudo, pessoas tatuadas apresentaram 21% mais chances de contrair a doença do que os outros pacientes.
- Os pesquisadores levantaram os registros médicos de quase 12 mil pessoas do país entre 2007 e 2017.
- Eles enviaram questionários para as pessoas que desenvolveram linfoma questionando quais fatores de risco tinham e se possuíam tatuagens.
- Apesar das respostas apontarem que os pacientes com tatuagem aparentar ter maior risco de desenvolver a doença, a pesquisa não desenvolve a relação disso.
- O próprio estudo aponta que são necessárias mais análises para entender essa possível ligação.
O que é o linfoma maligno
- O linfoma maligno é um tipo de câncer que se desenvolve no sistema linfático, responsável por proteger o nosso organismo de bactérias e vírus.
- Os dois principais tipos de da doença são o linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin.
- Os sinais e sintomas mais comuns são o aumento de volume dos gânglios linfáticos, febre, suores abundantes, perda de peso não intencional, prurido e fadiga.
- Os tratamentos mais comuns são quimioterapia, radioterapia, terapia dirigida e cirurgia.