O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o Banco Central após a divulgação da taxa Selic. Em entrevista à uma rádio de Fortaleza, Lula questionou a autonomia do Banco Central e afirmou que Henrique Meirelles, ex-presidente do banco, "tinha autonomia comigo tanto quanto tem esse rapaz de hoje".
Para a âncora do Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, Thays Freitas o presidente "não tem como vencer essa briga com o Banco Central".
"Lula mantém o tom elevado de críticas ao Banco Central e deixa claro que não se conforma com a decisão e com autonomia. Ele dá sinais de que está lidando mal com um Banco Central independente. A questão é que o presidente não tem como vencer essa briga, quanto mais sobe o tom mais fortalece a autonomia do Banco Central", avaliou Thays.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% ao ano foi unânime. A decisão interrompe uma série de sete cortes consecutivos.
Lula já havia criticado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, depois da participação dele em um jantar oferecido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
"Lula retomou aquele grau forte de crítica ao Banco Central, ao seu presidente e também à autonomia do Banco Central", disse Thays.
Segundo Lula, ao manter a taxa de juros em 10,50%, o Banco Central decidiu "investir no sistema financeiro, nos especuladores que ganham dinheiro com juros e nós queremos investir na produção."
Em entrevista ao Jornal Gente nesta quinta-feira (20), o ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro afirmou que a manutenção da taxa "era inevitável".