Velório de Zé Celso é marcado por lágrimas e celebrações ao teatro e à vida

Corpo do dramaturgo chegou ao teatro para o velório por volta das 23h e foi recebido com aplausos e gritos de 'Viva, Zé!'

Gabriel Modesto

Velório de Zé Celso é marcado por lágrimas e celebrações ao teatro e à vida
Público assiste a rito de despedida de Zé Celso na rua, em frente ao Teatro Oficina
Gabriel Modesto

No Oficina, localizado na Rua Jaceguai, 520, no Bixiga, Centro da capital, o corpo do dramaturgo chegou por volta das 23h, marcando o início do velório, que ocorrerá até as 9h desta sexta-feira (7). Durante a entrada, o corpo foi recebido com aplausos, som de tambores e efusivos gritos de "viva, Zé".

Enquanto isso dentro do teatro, a canção "Eu sei que vou te amar" emocionava os presentes, criando uma atmosfera mágica e tocante. Era um momento de celebração e reconhecimento do legado deixado pelo diretor, que durante sua vida sempre se distanciou de rótulos e buscou transcender as barreiras artísticas convencionais.

Em um gesto simbólico de união e solidariedade, o público foi organizado em uma fila, sendo orientado a entrar de mãos dadas, formando uma corrente humana, para se despedir do dramaturgo. Com respeito e consideração pela quantidade de pessoas presentes, era permitido passar rapidamente diante do caixão, de forma a possibilitar que todos tivessem a oportunidade de prestar suas homenagens ao amado dramaturgo.

O rito de eternidade

No início da noite, à espera da chegada do corpo, os presentes no teatro seguravam rosas brancas e, com grande emoção, entoavam a canção: "Enquanto eu puder cantar, enquanto eu puder seguir, enquanto eu puder sorrir".

O ambiente estava impregnado de um profundo sentimento de gratidão e respeito por tudo que o artista representou, e a canção ecoava como um compromisso de preservar sua memória através da música, da caminhada e da alegria.

Enquanto as pessoas pulavam e entoavam canções de "Bacantes", uma peça simbólica para o Teatro Oficina, as músicas se fundiam umas às outras, acompanhadas por uma banda. Os aplausos ecoavam pelo ambiente. Era o início do "rito de eternidade" em honra ao diretor, dramaturgo e ator Zé Celso Martinez. Essa celebração não seria breve, assim como suas peças teatrais, que muitas vezes se estendiam por horas. Os presentes reconheciam que a despedida também seguiria esse mesmo caminho, uma despedida prolongada e intensa, repleta de emoção e significado.

Ao futuro


A homenagem atraiu várias gerações, reunindo artistas conhecidos da televisão, teatro, cinema e até mesmo crianças. Um verdadeiro encontro de diferentes expressões artísticas. No início do rito, todos entoaram os versos do samba-enredo "Quatro Séculos de Paixão - História do Teatro Brasileiro", da Vila Isabel, cantando em uníssono os versos "sambando nesse carnaval com a minha arte, que é imortal", celebrando a imortalidade da arte e a importância do teatro brasileiro.

Em uma fila, as pessoas também cantaram a clássica marchinha carnavalesca "Mamãe eu Quero". E, de repente, o som dos tambores se fez presente, adicionando um elemento pulsante ao rito. Ao longo do evento, várias performances e manifestações artísticas ocorreram, refletindo a diversidade e o talento presentes na herança deixada pelo dramaturgo. Tudo isso com um toque característico do próprio Zé, que permeava cada momento da celebração.

Diante das coroas, os artistas prestaram suas homenagens a Oxum, a orixá do amor e das águas doces. Em um cenário decorado, a tradicional fonte de água exibia as coroas como adorno.

Regina Casé e amigos participam de velório de Zé Celso em SP |  Entretenimento | Pleno.News

Por volta das 12h30 desta sexta-feira (7), o corpo de Zé Celso, foi retirado do Teatro Oficina. Márcio Telles, ator da companhia e pai de santo do teatro, encerrou a cerimônia ressaltando o legado artístico e a alegria deixados pelo dramaturgo. Ele enfatizou que Zé Celso estava sendo eternizado, transformando-se em uma presença eterna. A celebração foi dedicada à vida, pois os artistas presentes não acreditavam na morte, mas sim na continuidade do espírito artístico.

Durante o momento de retirada do corpo, o deputado estadual Eduardo Suplicy e Marcelo Drummond, viúvo de Zé Celso, auxiliaram no transporte do corpo até o carro do serviço funerário.

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