Dilema do Botafogo: Tão bem fora e tão mal em casa

João Lidington

Na área, por João Lidington

Jornalista, amante do jogo explicado por números e estatísticas e apreciador do bom futebol; do "tiki taka" à licença poética do chutão.

Cuesta marcou contra o Avaí, fora de casa, na Ressacada
Cuesta marcou contra o Avaí, fora de casa, na Ressacada
Vítor Silva/ Botafogo

Ver um jogo na TV ou na arquibancada? Se essa pergunta for feita para um torcedor do Botafogo certamente a resposta será pegar o controle remoto e acompanhar na telinha. A vitória do Botafogo sobre o Avaí, por 2 a 1, ontem (06), em Santa Catarina mais uma vez mostrou o quão ilógica tem sido sua campanha neste Campeonato Brasileiro. 

O Glorioso ocupa a 9ª colocação com 40 pontos e mais da metade desta pontuação foi conquistada jogando fora dos seus domínios. Geralmente, jogar em casa é algo positivo e desejado por qualquer time, mas não para o Botafogo de Luís Castro. O Alvinegro possui a segunda melhor campanha como visitante até aqui, com 24 pontos, perdendo apenas para o líder Palmeiras, que ainda não perdeu fora de casa e tem a incrível marca de 33 pontos.

Atualmente o Botafogo sonha com uma vaga na pré-Libertadores e esse desejo só é algo possível graças a essa atuação como visitante. Afinal, quando o assunto é jogar em casa o Glorioso é o antepenúltimo dentre os 20 clubes da Série A. No Nilton Santos foram apenas 4 vitórias e 4 empates, somando 16 pontos. E a questão que fica no ar é: Por que desempenhos tão antagônicos?

Antes que pensem que isso acontece por uma questão tática do time de Luís Castro, os números recentes mostram que não é bem esse motivo. Geralmente a equipe visitante tende a se portar esperando o adversário, com um futebol mais reativo, dando a bola para o adversário e apostando em contra-ataques. Só que a versão fora de casa do Fogão tem mais posse de bola na maioria dos seus jogos, mesmo longe do seu torcedor. Nos últimos sete jogos como visitante, o Alvinegro teve menos a bola em apenas duas oportunidades. Veja a porcentagem:

Avaí (43%)
Goiás (56%)
Fortaleza (43%)
Juventude (66%)
Botafogo (51%)
Santos (65%)
Cuiabá (54%)

A questão é muito mais emocional do que tática. Jogar diante do torcedor era para ser um combustível aos jogadores alvinegros, mas acabou virando pressão. Foi assim desde a estreia no campeonato quando mais de 36 mil torcedores lotaram o Niltão e viram o Corinthians vencer por 3 a 1. Naquela ocasião a empolgação era grande com o início do investimento financeiro da SAF de John Textor. Nesta reta final de Brasileirão, vai ser fundamental vencer diante da torcida para que o sonho da vaga na Liberta vire realidade.