“A ficha ainda não caiu”, diz esposa de policial morto em operação no Alemão

O cabo Bruno de Paula Costa, de 38 anos, deixa dois filhos portadores do transtorno do espectro autista.

Felipe de Moura*

Lídia falou sobre a morte do policial Bruno Reprodução
Lídia falou sobre a morte do policial Bruno
Reprodução

“A ficha ainda não caiu”, disse Lídia Costa, esposa do policial militar Bruno de Paula Costa, de 38 anos, morto nesta quinta-feira (21) durante uma operação policial no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Bruno foi ferido por traficantes que atacaram a base da UPP Nova Brasília. Ele chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu.

O policial militar deixa dois filhos portadores do transtorno do espectro autista. A mãe deles, Lídia, disse que os dois filhos vão “precisar” dela.

“Ele deixa dois filhos autistas. Meu filho mais velho é autista severo, meu filho de 8 anos é o autista leve. Mas assim, uma tragédia. Eu peço que as pessoas continuem orando pela família. Peço saúde à Deus e força para criar meus dois filhos que vão precisar de mim”, comentou Lídia Costa.

De acordo com a esposa, o policial sempre teve “paixão” pela profissão.

“Ele nasceu para isso. Ele era paraquedista, era cabo também, foi cabo do exército. Sempre teve paixão pelo militarismo. Um excelente policial militar, um excelente cabo do exército, então, assim, todo mundo está chocado. A ficha ainda não caiu”, falou Lídia.

OPERAÇÃO LETAL

Além de Bruno, outras 17 pessoas morreram na quarta operação mais letal do Rio de Janeiro. Nesta sexta (22), Solange Mendes, de 49 anos, foi baleada durante um ataque à base de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Nova Brasília, de acordo com a PM. Ela foi socorrida e levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.

Ontem, (21), Letícia Marinho Sales, de 50 anos, foi atingida dentro de um carro em que estava com o namorado e o primo dele. De acordo com testemunhas, não havia confronto no momento em que a mulher foi baleada. Letícia era moradora do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e deixou três filhos.

“Injustiça o que fizeram com a minha mãe. Uma mulher de 50 anos, que temia tanto pela justiça, ser covardemente alvejada, sem passar nenhum tipo de perigo para os policiais naquele momento. Ela não fez nada. Ela simplesmente estava dentro do carro, seguindo para a casa onde morava.  Por um despreparo da polícia do Rio de Janeiro, a polícia do nosso Rio de Janeiro está cada vez pior. Eu só quero que seja feito justiça. Foi tirado um pedaço de mim, tudo o que eu tinha na minha vida era minha mãe. Eles tiraram a minha mãe de mim”, disse Jennifer Salles, filha de Letícia.

Em nota, a Polícia Civil disse que investiga o caso e a Polícia Militar afirma que “colabora com as investigações”.

Os outros 15 mortos, segundo a polícia, eram suspeitos. 10 criminosos foram identificados e sete deles possuem anotações criminais. De acordo com a investigação, os homens têm ligação com o tráfico de drogas na comunidade.

Os suspeitos identificados são:

1) Anderson Luiz Bezerra Fonseca, conhecido como Andinho, de 21 anos - duas anotações por tráfico

2) Gabriel Farias da Silva, de 23 anos - seis anotações por tráfico, associação ao tráfico, homicídio, resistência e roubo; também possuía mandado de prisão pendente

3) Marcos Paulo Nascimento da Silva, de 22 anos - sem anotações criminais

4) Bruno Neves Leal, de 28 anos - duas anotações por tráfico e associação ao tráfico, estava evadido do sistema prisional e com mandado de prisão em aberto

5) Fernando Nascimento da Silva, conhecido como Feio, de 28 anos - duas anotações por tráfico e porte ilegal de arma

6) Emerson de Souza Teixeira, conhecido como 2D ou Familhão, de 26 anos - sete anotações criminais por tráfico e associação, dano qualificado, resistência e porte ilegal de arma  

7) Adolescente de 17 anos, conhecido como Zoinho - não possuía anotações criminais

8) Diego Barbosa da Silva, conhecido como DG ou Trem Bala, de 28 anos - uma anotação por tráfico de drogas

9) Luiz Claudio Rozendo Lopes Junior - sem anotações criminais

10) Bruno Luiz Soares da Silva - duas anotações por tráfico e roubo

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco