Agentes de segurança do Rio morrem mais durante período de folga

Dados do Instituto de Segurança Pública mostraram que apesar de altos, os números estão em queda

Rafaella Balieiro (sob supervisão de Natashi Franco)

Os agentes podem contar com apoio psicológico fornecido pelo estado Divulgação/ Polícia Militar
Os agentes podem contar com apoio psicológico fornecido pelo estado
Divulgação/ Polícia Militar

A cada dez vítimas de latrocínio do Rio de Janeiro, uma é policial. Um estudo do Instituto de Segurança Pública do estado mostrou que a maior parte dos agentes de segurança assassinados, desde 1998, estavam de folga no momento da morte. A capital fluminense é o local que mais registra policiais vítimas de violência.

Das 506 mortes de policiais que aconteceram entre 2016 e 2020, 358 agentes não estavam de serviço no momento em que foram assassinados. De acordo com especialistas em segurança, alguns fatores são apontados como agravantes quando os agentes estão de folga. Sem estar trabalhando, os agentes acabam andando mais distraídos, desacompanhados e ao mesmo tempo armados, o que explica o número grande de policiais assassinados fora do trabalho.

No mesmo período, o estado registrou mais de 3400 policiais feridos. De acordo com Secretaria de Estado de Assistência à Vítima, os agentes e familiares podem contar com apoio social e psicológico. No último ano foram mais de 720 atendimentos, 53% direcionados para policiais militares e civis.

“É uma atividade de altíssimo risco, esses profissionais ainda acabam sobrecarregados por conta dos horários de folga que acabam sendo cancelado para empregar esses agentes em atividades extras. Tudo isso impacta a saúde física e psicológica desse trabalhador", comenta o antropólogo e ex-capitão da Polícia Militar Paulo Storani. 

Desde 1998, quando os dados começaram a ser computados, o estado registrou quase 18 mil policiais vítimas de violência, entre militares e civis. A média anual de agentes mortos fica em 129. Levando em consideração os feridos, a média de vítimas da violência fica na casa de 650.

A queda acentuada desses casos reduziu significativamente entre 2003 e 2011, mas em 2012 o número de policiais feridos voltou a crescer, atingindo o ápice em 2017 com 758 agentes feridos em trabalho ou de folga. Com a chegada da pandemia, o número voltou a reduzir, os especialistas apontam a proibição do STF para realizar operações policiais nas comunidades do Rio.

“São várias dinâmicas dentro desses casos, desde policiais envolvidos com a criminalidade, até policiais que reagem a assaltos. Ainda temos a expansão de grupos paramilitares no Rio de Janeiro, esse grupos ainda podem ser compostos de policiais e ex-policiais que quando entram em confronto, aumentam o número de agentes mortos”, esclareceu a coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, Silvia Ramos