Baixa adesão da vacinação contra doenças em crianças preocupa especialistas

As vacinas tríplice viral, por exemplo, têm a cobertura inferior a 50% da população alvo.

Felipe de Moura*

A vacinação em crianças está com a adesão baixa Tânia Rêgo/Agência Brasil
A vacinação em crianças está com a adesão baixa
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Uma análise da Fiocruz infância revelou que que o Rio de Janeiro tem dados alarmantes em relação a cobertura vacinal na primeira infância (faixa etária de 0 a 3 anos). A situação preocupa especialistas na área da saúde.

Entre os cenários mais graves, estão as vacinas tríplice viral que atuam contra o sarampo, caxumba e rubéola, a tetraviral que também protegem contra a varicela e as da hepatite a. Os dados do Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz, revelam que as três vacinas estão com a cobertura inferior a 50% da população alvo.

“São doenças que podem provocar um adoecimento grave nas crianças. O sarampo é uma doença gravíssima que voltou no nosso meio. É importante que mantenhamos nossa tradição, nosso pais é vacinista. Nós somos conhecidos no mundo porque vacinamos muito bem, entretanto, nós não estamos atingindo as metas necessárias para protegerem as nossas crianças de doenças gravíssimas. Vacinem as suas crianças”, disse a infectologista Tânia Vergara.

A tríplice viral tem a menor cobertura vacinal do calendário básico infantil. Até novembro desse ano, duas em cada três crianças no Brasil não tinham completado a imunização contra sarampo, caxumba e rubéola ao longo do segundo ano de vida. Em relação ao Sudeste, a situação é ainda pior, já que nenhum estado atingiu a meta.

“É necessário um pacto entre todos. Estados, municípios e sociedade civil para que nós recuperemos essas coberturas vacinais. É necessário e urgente a identificação dos fatores e das barreiras para a vacinação, para que consigamos superá-las”, explicou Renato Kfourim, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Diferente dos outros imunizantes, quando o cenário é a imunização pela BCG, uma das primeiras vacinas infantis, o Rio está entre os 16 estados com 90% do público alvo vacinado.

“É um benefício que todo ser humano tem para se proteger e eu acho uma pena as pessoas terem tanta desinformação, porque isso acaba prejudicando quem não está vacinado. Vacinar é pensar no coletivo”, disse a gerente de restaurante Flávia Povençano, que imunizou a filha de sete anos nesta quinta-feira (8).

*Sob supervisão de Natashi Franco