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Bebê morre à espera de transferência em hospital municipal do Rio

A família só conseguiu internar a criança na quarta ida ao hospital

Felipe de Moura (sob supervisão de Beatriz Duncan)

Gael, de 1 ano e 3 meses, morreu no Hospital Albert Schweitzer nesta segunda (24)
Gael, de 1 ano e 3 meses, morreu no Hospital Albert Schweitzer nesta segunda (24)
Reprodução/ Redes sociais

Um bebê de 1 ano e 3 meses morreu nesta segunda-feira (24), no Hospital Albert Schweitzer, depois de testar positivo para a Covid-19. Gael Aguiar estava, à espera de uma transferência, determinada pela Justiça, para outra unidade de saúde. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Em menos de 10 dias, a mãe Jéssica Aguiar dos Santos levou o filho 4 vezes para o hospital. Ele só conseguiu internação na última vez, quando veio a óbito. Na primeira visita, o menino estava com febre e, segundo os médicos do hospital, apresentava um quadro de infecção intestinal.

“Eles (o hospital) conseguiram acabar com a vida do meu filho. Ele entrou bem, brincando. E ele sai desse jeito? Com o caixão fechado, sem dignidade. A gente tava com o mandato judicial para transferir o Gael, mas eles intubaram meu filho. Isso que prejudicou mais o meu filho. Se tivesse transferido, pelo menos ele estava aí tentando lutar pela vida dele, pelo menos”, lamentou Robson Luiz, pai do Gael.

Como não apresentou melhora, o bebê foi pela segunda vez ao hospital. Nesta ocasião, o parecer foi de virose, seguido de outra liberação. Com os mesmos sintomas, ele foi pela terceira vez ao Albert Schweitzer. Mesmo fraco fisicamente e com problemas de saúde visíveis, o hospital não manteve o menino na unidade.

Na quarta ida, na última segunda (17), por conta de um inchaço na barriga, Gael conseguiu ser internado. Ele já apresentava alterações no fígado.

“Pegaram ele, fizeram o exame de Covid, saíram pelo corredor e depois de 15 minutos voltaram falando que ele testou positivo. A mãe pediu pra ver o documento e falaram que fica no sistema. Com isso, na quinta-feira, a médica disse que ele precisava de transferência, de um hospital que tivesse um CTI com um hematologista. Conseguiu a ordem judicial, mas nada fizeram. No sábado, ele  constava no sistema que estava apto para a transferência. No domingo, disseram que ele não podia mais se transferir pois já corria risco de vida e infelizmente o Gael não resistiu. O médico chorou e pediu desculpas. Eles sabem que a culpa é deles”, comentou Paloma Diniz, madrinha do bebê.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde disse que “em decorrência de seu (Gael) estado de saúde delicado, a transferência do paciente não foi recomendado. E ainda, que “a direção (do hospital) lamenta o falecimento do bebê e está à disposição dos familiares para quaisquer esclarecimentos”.