Caso Flordelis: quatro réus vão a júri popular nesta terça-feira

Flordelis, que é apontada como mandante do crime, só vai ser julgada no dia 9 de maio

Felipe de Moura (sob supervisão de Natashi Franco)

Dezoito testemunhas de acusação e defesa foram convocadas para o interrogatório TV Band
Dezoito testemunhas de acusação e defesa foram convocadas para o interrogatório
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Quatro dos nove réus pelo assassinato do pastor Anderson do Carmo vão a júri popular nesta terça (12). Dois filhos da ex-deputada federal, um policial militar preso e a esposa do agente serão julgados hoje.

André Luiz de Oliveira, um dos filhos afetivos da Flordelis, que também iria a júri popular por envolvimento no assassinato do pastor, não vai ser mais julgado na sessão de hoje. O advogado dele passou mal e, por isso, o julgamento do réu não vai acontecer nesta terça. Ainda não há uma nova data para essa nova sessão.

Carlos Ubiraci Francisco da Silva, filho afetivo da pastora, é acusado de envolvimento no crime. O filho biológico de Flordelis, Adriano dos Santos Rodrigues, o ex-PM Marcos Siqueira Costa e a esposa, Andrea Santos Maia, são julgados pela fraude de uma carta na qual outro filho de Flordelis, Lucas, confessou ter matado Anderson. Depois, ele confirmou que a carta era mentirosa.

Presa desde agosto de 2021, Flordelis, que é apontada como mandante do crime, só vai ser julgada no dia 9 de maio, com outras três rés. Dois filhos da ex-deputada foram condenados no ano passado. Flávio dos Santos Rodrigues, foi condenado por ter atirado em Anderson, e Lucas Cézar dos Santos Souza, por ter comprado a arma do crime. Flávio foi condenado a 33 anos anos de prisão e Lucas a sete anos e meio.

“Dia 9 de maio é o júri final e nós viemos acompanhar para dar coerência ao nosso trabalho que vai desaguar no dia 9 de maio. A defesa vai apresentar um conjunto de questões. Há duas coisas que nós achamos fundamentais: primeiro, que se baseia que ela é culpada no depoimento de filhos. No entanto, existem vários filhos e a grande maioria deles dizem que ela não é culpada. Outra coisa diz respeito ao perfil do próprio pastor, revelar as atitudes dele dentro da casa em que eles moravam”, comentou Janira Rocha advogada de defesa da Flordelis, que acompanhou a sessão.

Antes do julgamento, Janira Rocha falou que vai levantar, no dia 9, possíveis abusos sexuais e emocionais cometidos por Anderson do Carmo à mulheres que moravam com o pastor, inclusive Flordelis. De acordo com a advogada, os casos estariam sendo escondidos por interesses políticos e religiosos.

O advogado de defesa da família da vítima, o pastor Anderson Carmo, também estava acompanhando o julgamento.

“Por mais que fosse verdade a acusação que estão querendo fazer em desfavor da vítima, não justifica ninguém a tirar a vida da outra. Não justificaria a Flordelis mandar matar o Anderson. O código penal veda fazer justiça com as próprias mãos. Para isso, existe a polícia. A defesa insiste em querer desmerecer a pessoa do Anderson”, afirmou Ângelo Máximo, advogado de defesa da família do Anderson.

DEPOIMENTOS DO CASO 

Dezoito testemunhas de acusação e defesa foram convocadas para o interrogatório. A primeira pessoa a depor na sessão foi Bárbara Lomba, delegada responsável pelas investigações do caso.

Ela afirmou que não esperava encontrar a arma do crime na casa da família e que Flordelis e os parentes não deveriam acreditar que a polícia faria uma operação de busca e apreensão na casa de uma deputada tão rápido.

Bárbara Lomba disse ainda que as diligências foram feitas muito rapidamente, antes que as equipes soubessem das tensões familiares, o que levou a certa falta de tranquilidade nas primeiras ações.

RELEMBRE O CASO 

O pastor Anderson do Carmo foi morto com mais de 30 tiros em junho de 2019 na casa da família, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Logo depois do crime, Flordelis disse que tinha sido vítima de uma tentativa de assalto, o que nunca se confirmou.

A ex-deputada federal foi presa pela Polícia Civil do Rio em agosto de 2021, 48 horas depois de ter o mandato cassado pela Câmara dos Deputados, em Brasília. Mesmo presa, ela negou as acusações e pediu orações.