A Polícia Civil iniciou na manhã desta quinta-feira (03) uma operação contra a Autibank Pagamentos, empresa suspeita de estelionato e pirâmide financeira. De acordo com o Ministério Público do Rio, pelo menos 30 vítimas perderam quase R$ 3 milhões entre 2020 e 2021 com o golpe do banco digital. A estimativa dos investigadores, no entanto, é que o número de vítimas seja ainda maior: há relatos de prejuízos em outros 12 estados e no Distrito Federal e, no total, o valor do chegaria a mais de R$ 100 milhões.
A Delegacia de Defraudações, responsável pela investigação, cumpre 12 mandados de busca e apreensão no Centro do Rio de Janeiro e em Niterói, na Região Metropolitana.
O golpe da Autibank, que funcionava como uma empresa de investimentos sem autorização do Banco Central para operar, consistia na captação de recursos dos lesados sob promessa de lucros mensais. As dezenas de vítimas perderam todos os investimentos.
Um “manual” da empresa, apreendido pela polícia, tinha dicas anotadas para que os funcionários do banco digital aplicassem a fraude: “Tem que ser objetivo, ser direto! Primeiro sondar o cliente para saber se ele tem quantos consignados e saber se ele está mais ou menos. Saber se a margem está maior que 200 reais. Nós que damos o desconto ao cliente”, diz uma das páginas do caderno de “táticas”.
De acordo com a investigação, diversos cantores consagrados faziam propaganda da “empresa” em seus shows, o que gerava uma sensação de confiança nos investidores, que acabavam embarcando nas atividades propostas.
Segundo uma das vítimas, o fundador da Autibank Pagamentos, Yuri Medeiros, chegou a ligar para o cliente em tom de ameaça e de intimidação. Quando a vítima entrava em contato para cobrar o dinheiro prometido pela empresa, Yuri dizia que estava resolvendo.
“Investi R$ 200 mil de capital próprio, uma vida de trabalho construída em 27 anos, mais R$ 150 mil de empréstimo bancário e isso hoje tá acabando com a minha saúde e da minha família”. contou Manoel Costa, administrador e gerente de loja de supermercados.
Um endividamento que atingiu diferentes clientes e que, para muitos, muitos afetou a saúde mental.
“O sentimento que eu tenho hoje é de completa impunidade, de um assalto aos direitos fundamentais. Eu me sinto num abismo hoje, é assim que eu me sinto. É como se eu não tivesse mais vida, não tivesse mais direito ao meu salário”, afirmou uma vítima que não quis se identificar, e está com altas dívidas.
*Sob supervisão de Natashi Franco