Corpo de torcedor do Fluminense morto a tiros é cremado nesta quarta-feira (5)

A despedida contou com a participação da roda de samba que ele havia fundado

Júlia Zanon*

Corpo de torcedor do Fluminense morto a tiros é cremado nesta quarta-feira (5)
Cremação da vítima aconteceu hoje (5) no Crematório do Caju, na Zona Portuária do Rio.
Reprodução

O adeus a Thiago Leonel Fernandes da Motta, de 40 anos, aconteceu nesta manhã (5) no cemitério do Caju, localizado na Zona Portuária do Rio de Janeiro. O cinegrafista e torcedor fluminense foi morto a tiros pelo policial penal Marcelo de Lima durante uma briga de bar após o primeiro jogo da final do Campeonato Carioca entre Flamengo e Fluminense, no último sábado (1). Durante a cerimônia de cremação, os amigos e familiares fizeram uma homenagem à Thiago, com direito a uma roda de samba e a uma salva de palmas.

"Ele era muito talentoso, maravilhoso. A gente trabalhou 14 anos juntos e depois fundamos a roda de samba. O Thiago, na verdade, era o grande responsável da mistura das galeras dessa roda e tinha muito orgulho disso", declarou o amigo Humberto Carrão.

"O Thiago sempre ajudava de todas as formas. Está todo mundo triste, todo mundo chorando, mas se a gente saísse daqui sem fazer uma homenagem, sem cantar para o Thiago um samba... Ele tinha sempre uma energia incrível. A gente tem uma perda irreparável e vamos ter que nos acustumar com essa dor. O Thiago é um cara que não pode ser esquecido", disse o maquiador e parceiro de samba de Thiago, Vinícius Vaitsmal.

Além de Thiago, um amigo que estava com ele, Bruno Tonini, de 38 anos, também foi baleado no mesmo ataque. A vítima está internada na UTI de um hospital particular. De acordo com a família, o estado de saúde dele é grave.

Marcelo de Lima está preso na cadeia pública Constantino Kokotós, em Niterói. O policial responde pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil e tentativa de homicídio.

"Eu vejo muita gente falando tragédia... Eu não acho que essa palavra se adeque aqui. Tragédia é quando uma pedra rola e cai em cima de alguém. O que aconteceu com o Thiago é um projeto de país (...)  O Thiago é vitima de uma violência que ele combatia. Ele estava na rua sempre. Lutando pela democracia, pelo samba, pelo povo. Ele era uma pessoa participativa. Agora, esse crime não pode ficar impune. É muito importante que as testemunhas que viram exatamente o que aconteceu, falem para que esse caso não fique impune", desabafou Humberto.

O Ministério Público do Rio investiga se uma discussão foi o que causou o crime. Os promotores pedem que testemunhas compareçam ao MP para prestar depoimento.

*Sob supervisão de Helena Vieira