Criança de nove anos morre no Cajueiro durante confronto entre traficantes

Um homem também morreu e outras três pessoas ficaram feridas. A Polícia Militar afirmou que não realizava operação na favela

Júlia Zanon*

Criança de nove anos morre no Cajueiro durante confronto entre traficantes
Ester chegou a ser socorrida, mas não resistiu
Reprodução / Redes Sociais

Uma menina de nove anos morreu vítima de bala perdida, na noite desta quarta-feira (5), durante um confronto entre facções rivais na Comunidade do Cajueiro, em Madureira, na Zona Norte do Rio. A criança chegou a ser socorrida na Umidade de Pronto Atendimento (UPA) de Irajá e transferida para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu. Um homem ainda não identificado também morreu e outras três pessoas ficaram feridas.

De acordo com uma testemunha, a menina estava saindo da escola quando foi atingida por uma bala perdida. Naquela manhã, ela havia participado de uma oficina de Páscoa no colégio.

"O caso da Ester me chocou muito porque ela ficou o dia inteiro na escola, ela brincou, se divertiu... E aí a gente vê que o pouquinho que a gente faz acaba por causa de uma bala. (...) As pessoas acham que é só uma vítima, mas não é. Imagina eu chegar segunda-feira na escola e conter uma turma com 31 crianças chorando pela falta da amiga", desabafou uma das professoras da menininha.

Segundo a investigação, todos os cinco baleados seriam moradores da Comunidade do Cajueiro. Em nota, a Polícia Militar afirmou que não realizou nenhuma operação na região ontem (5) e que não há registros de confrontos policiais. Ainda de acordo com a corporação, o policiamento foi reforçado no local.

"Morar em comunidade significa que existem outras realidades para eles. Então, a gente tem que vencer essas dificuldades. Essa violência constante no Rio está piorando a expectativa de estudo das crianças. Pedagogicamente eles também saem muito prejudicados", concluiu a professora.

O Instituto Fogo Cruzado contabilizou 11 crianças baleadas na Região Metropolitana do Rio apenas no ano de 2023 – dessas, quatro morreram e sete ficaram feridas.

*Sob supervisão de Helena Vieira