“Ele foi trabalhar para levar o pão para casa”, diz esposa de homem assassinado

Jorge Luiz Antunes, de 49 anos, foi morto com um tiro no rosto no último sábado (25), na porta do Shopping Village Mall, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em meio a um assalto.

Felipe de Moura*

Elaine falou sobre a falta que o marido vai fazer na vida dela TV Band
Elaine falou sobre a falta que o marido vai fazer na vida dela
TV Band

“Ele foi trabalhar para levar o pão para casa”, disse, emocionada, Elaine Antunes, viúva do Jorge Luiz Antunes, de 49 anos, assassinado com um tiro na cabeça neste sábado (25), na porta do shopping Village Mall, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, enquanto os criminosos fugiam de uma tentativa de assalto a uma joalheria.

A família prestou depoimento nesta terça-feira (28), na Delegacia de Homicídios da Capital (SHC), na Barra. Jorge não tinha formação na área de segurança e era terceirizado. Desempregado, ele fazia o serviço no shopping há 1 ano 6 meses.

A família conta que ele teve que faltar ao aniversário do neto porque precisava dos R$ 180 da diária para começar a reforma na casa, que foi destruída na última enchente em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em abril desse ano.

“Ele foi trabalhar pra levar o pão pra casa. Ele foi fazer um bico, era o que ele fazia. Pra ele, era muito. R$ 180 a diária. Entendeu? Mas foi R$ 180 que custou a vida dele”, disse Elaine Antunes, em entrevista à TV Band.

Segundo os parentes, Jorge era um “cara família”, trabalhador, que gostava da natureza e também de jogar futebol.

“Ele tinha uma família, ele tinha um nome, um sobrenome. O nome dele tem que ser lembrado, não pode entrar na estatística e esquecer. Ontem meu irmão não queria nem sair do cemitério. Ele falou assim para mim: Eu não posso ir embora daqui, eu não possa ir embora daqui. Meu tio não vai embora comigo. Quem vai jogar bola no domingo comigo? ”, falou Kênia Antunes, sobrinha do Jorge Antunes. Jorge foi enterrado nesta segunda (27), em um cemitério de Nova Iguaçu.

O vigilante deixa quatro filhos, quatro netos e a esposa Elaine, com quem era casado há 28 anos.

“Nós estávamos tentando arrumar a casa teve esses problemas da chuva, da enchente que teve, nós estávamos tentando arrumar da forma que dava. E ele tinha falado comigo que o pedreiro iria no domingo lá fazer o orçamento de quanto ficaria. Mas ele não foi. Não chegou domingo. Tínhamos muitos planos. Os meus filhos ficaram órfaos de pai. Hoje meus filhos vão falar que eles não têm pai, só têm mãe”, lamentou Elaine.

RELEMBRE O CASO

Doze criminosos invadiram o shopping Village Mall, no último sábado (25), na tentativa de assaltar a joalheria Sara, no segundo andar do local, criando momentos de tensão para os clientes que ali estavam.

Mais de 50 tiros foram disparados por volta das 18h. Todas as lojas foram fechadas e as sessões de cinema precisaram ser interrompidas.

Testemunhas do assalto relataram os momentos de terror vividos dentro do shopping.

“Ele já chegou com uma arma na (minha) barriga, falou que era ele só me queria para sequestro, para refém. Eu pensei que era uma brincadeira. Ele depois acabou me largando e pegando meu filho”, contou uma testemunha.

Em nota, o Grupo Sunset, responsável pela segurança do Shopping Village Mall, lamentou a morte de Jorge e afirmou estar colaborando com as investigações policiais.

A polícia ainda tenta identificar os envolvidos no crime e o Disque Denúncia oferece uma recompensa de R$ 50 mil para quem tiver informações que levam a prisão e a identificação dos criminosos.

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco