Com a vacinação em massa concluída no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, a Fiocruz já consegue avaliar o impacto da imunização na população. Segundo a fundação, a testagem geral reforçou o que já era dito anteriormente: existe uma necessidade de tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19. O estudo tem como base o imunizante Astrazeneca, produzido em parceria com a fundação.
“(A primeira dose) tem um bom resultado para conter casos sintomáticos, mas a segunda dose é essencial para garantir imunidade mais completa e proteção mais ampla da comunidade”, garante Fernando Bozza, coordenador do estudo e pesquisador da Fiocruz.
A pesquisa aponta que existe uma proteção de 42,4% depois de 21 dias da aplicação da primeira dose da vacina. Os dados também mostram que essa cobertura imunológica varia de acordo com diferentes idades. Enquanto na população abaixo de 35 anos a efetividade foi de 57,5%, na população acima de 35 anos ela foi de 34,8%.
O objetivo da pesquisa foi avaliar a eficácia do imunizante quando aplicado na população em massa. Estudar o comportamento da pandemia em comunidades vulneráveis também foi um do objetivos da Fiocruz.
“Apesar de a efetividade das vacinas já ter sido verificada em países de renda alta, faltam artigos que estimem essa efetividade em contextos de maior vulnerabilidade. (A testagem em massa na Maré) É o primeiro trabalho que estima a proteção da vacina sobre a população de uma comunidade negligenciada que foi muito afetada pela pandemia. Quando se fala em estudos, tende-se a privilegiar os números, os resultados, mas nesse caso, todo o processo de trabalho com a atenção primária e de mobilização da população tem uma importância muito grande”, explica Bozza.
As campanhas de vacinação em massa tiveram início em julho de 2021. O estudo levou em consideração moradores da Maré, acima dos 18 anos.