A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou uma produção totalmente brasileira do medicamento Pramipexol, usado em tratamentos contra a doença de Parkinson. A expectativa é que mais de 30 milhões de comprimidos sejam entregues ainda este ano.
Uma parceria do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) com a empresa alemã Boehringer Ingelheim foi concluída, o que tornou possível a produção do insumo farmacêutico ativo (IFA) no Brasil. Jorge Mendonça, diretor de Farmanguinhos, afirma que isso pode baratear o remédio e gerar novos empregos.
“A gente tem uma indústria toda funcionando. Isso emprega pessoas e deixa a renda do medicamento aqui no Brasil e também traz garantia de acesso a um medicamento de qualidade e moderno”, disse o diretor.
A farmacêutica alemã chegou a fornecer, durante os oito anos de parceria, mais de 121 milhões de comprimidos do remédio ao Sistema Único de Saúde.
Em 2018, a Fiocruz começou a fabricação interna de todas as fases produtivas do Pramipexol. O Instituto entregou mais de 97 milhões de unidades do remédio aos pacientes do SUS.
“Na pandemia, a gente viu vários medicamentos faltando no mercado por falta de insumos e demandas excedentes no exterior para trazê-los para cá. Nesse caso, a gente não teria esse problema, porque a gente tem uma produção 100% nacional“, explica Jorge.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que cerca de 1% da população mundial com mais de 65 anos é portadora da doença. Estima-se que mais de 200 mil pessoas sofram de Parkinson no Brasil.
Apesar de afetar mais idosos, já que os primeiros sintomas costumam surgir perto dos 50 anos, jovens também podem apresentar o problema.
O distúrbio degenera células que produzem a dopamina, substância importante para o bom funcionamento do Sistema Nervoso Central. Com isso, a movimentação dos músculos é prejudicada, o que causa tremores em várias partes do corpo.
Os pacientes também costumam apresentar instabilidade na postura, problemas nas articulações e lentidão nos movimentos. Os sintomas podem se intensificar com o tempo.
O aposentado Karoly Kovac começou a ter os sintomas do Parkinson aos 54 anos. O alerta foi quando sentiu dificuldade para escrever e movimentar o rosto. Ele convive há 12 anos com a doença.
Como o Parkinson ainda não tem cura, pacientes como Karoly fazem um tratamento para diminuir os tremores e melhorar a qualidade de vida.
“Eu tomo 5 remédios por dia, alguns de 4 em 4 horas. Tem um que custa quase 40 reais e eu gasto 8 vidros por mês. Se você multiplica isso, dá uns R$ 320 de gasto”, contou.
A autonomia da Fiocruz para a produção do Pramipexol deixa o paciente mais esperançoso.
“Que nós possamos um dia receber o medicamento de graça! Isso levantaria uns 30% das nossas despesas”, falou animado Karoly.