As histórias em quadrinhos, também conhecidas como HQs, marcaram uma época em que a internet, os smartphones e os tablets ainda não eram os donos da vez. Para alguns, a chegada da era digital não diminuiu a importância dessas revistas, que normalmente ilustram histórias de super-heróis. Por isso, a demanda por HQs colecionáveis, que costumam ser mais caras, gerou um novo tipo de golpe: o das HQs falsas.
Essa fraude vem acontecendo por meio da Amazon, plataforma norte-americana muito conhecida e utilizada por brasileiros.
“O que mais me deixa chateado é que o produto é vendido e entregue pela Amazon. Como consumidor, começo a ficar inseguro de comprar lá”, desabafa Lucas Andrade, publicitário e colecionador de revistas raras, que foi vítima do golpe.
Lucas relata que comprou pelo site da Amazon cerca de três quadrinhos que prometiam capa dura e custavam de 100 a 400 reais cada. Porém, foi surpreendido por revistas adulteradas e feitas com papel de cartolina.
Por mais que a Amazon tenha uma política de anti-falsificação, que exige que os vendedores ofereçam apenas produtos autênticos, relatos como o do colecionador ainda acontecem.
Ele conta que das três revistas que comprou na plataforma já conseguiu o reembolso e a troca de duas. Porém, não conseguiu a devolução da compra mais cara, a revista de volume 1 do “O Incrível Hulk”, que custa cerca de R$400 reais na internet.
“Já tem três semanas que tentei entrar em contato com eles e nada avança”, relata o comprador.
De acordo com o relatório de proteção da marca deste ano, a Amazon apreendeu mais de sete milhões de produtos falsificados em 2023.
Em nota, a plataforma afirmou que atua com os mais elevados padrões de qualidade, a fim de atender aos seus consumidores, e está investigando o caso.
A advogada Nathalia Maiolino esclarece de quem é a responsabilidade nesses casos: ”Quando a plataforma vende e entrega o produto ela é a principal responsável diretamente por essa fraude. Quando a Amazon aceita que uma loja parceira passe a vender através dela, o mínimo que ela deve fazer é verificar, inicialmente, se essa loja é honesta, que vende produtos originais. No momento em que ela não faz isso, passa também a ser responsável conjuntamente”.
Ela explica, também, que o comprador de um produto falsificado tem o direito da devolução integral do valor do produto ou a troca do mesmo. Além disso, ela enfatiza que algo a mais pode ser feito: “Nesses casos, isso passa a ser configurado como crime de estelionato, então é de suma importância que você se dirija fisicamente, ou de forma online, à uma delegacia de polícia para realizar o Registro de Ocorrência".
*Sob supervisão de Christiano Pinho.