Jovens de periferia do Rio e de Niterói recebem oportunidade acadêmica

A ideia é reverter os danos causados na pandemia e dar chance para a descoberta de empreendedores

Rafaella Balieiro (sob supervisão de Natashi Franco)

Alunos são incentivados a se envolverem com cultura de periferia  Reprodução/ Agência Redes para Juventude
Alunos são incentivados a se envolverem com cultura de periferia
Reprodução/ Agência Redes para Juventude

Apenas dois em cada dez moradores de favelas cariocas tem trabalho com carteira assinada. Os dados divulgados essa semana, pelo coletivo Movimento, ainda mostram que 54% da população das comunidades analisadas perderam o emprego durante a pandemia. Para reverter esse cenário, projetos tentam integrar jovens de periferia à sociedade.

Completando uma década esse ano, a Agência Redes para Juventude já promoveu ações que beneficiaram mais de cinco mil moradores da periferia do Rio. A ideia principal é criar uma rede para que esses jovens desenvolvam ações dentro do próprio território da comunidade que vive. O contexto da pandemia incluiu no radar do projeto a retomada escolar e a ajuda humanitária.

Para reduzir a violência nas periferias do Rio, o caminho é a educação, é o que mostram os números da pesquisa do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, liderado pelo Departamento do Centro Técnico da USP . Jovens sem graduação têm três vezes mais chances de serem mortos na periferia em comparação com um que tenha formação acadêmica.

Um dos objetivos da Agência carioca é justamente frear esses impactos. A nova sede, inaugurada no bairro da Glória, na Zona Sul do Rio, já tem projetos que focam na educação superior.

“No espaço da nova sede está prevista a criação de um curso pré-vestibular e atividades culturais regulares que serão pensadas por um conselho de juventude. Hoje temos uma geração marcada por essa rede e é comum circularmos a cidade do Rio e esbarrar com um jovem ou um profissional do setor social e cultural que tenha passado e que foi impactado pela metodologia da Agência", comentou Veruska Delfino, uma das coordenadoras da Agência. 

Também pensado na potência que esses jovens têm, o polo de inovação da Unisuam abriu inscrições gratuitas para promover negócios de jovens empreendedores, entre 18 a 29 anos, que fazem parte do projeto Favela Inova Niterói.

Para fazer parte do Inova, o jovem interessado precisa submeter os projetos de empreendedorismo no site da Pólen, polo de inovação da universidade. Também é preciso fazer parte de um grupo com dois a cinco integrantes.

São duas fases até a escolha dos projetos participantes da ação. Todos esses eixos temáticos serão levados em conta: saúde e bem-estar, tecnologias assistivas, sustentabilidade e impacto socioambiental, cidades inteligentes, tecnologias habilitadoras, economia criativa e educação, comunicação e audiovisual, acessibilidade e inclusão.

“Todo jovem deveria ser provocado a construir uma ideia de negócio e conseguir executar esse processo com ajuda de uma academia”, explica o reitor da Unisuam, Arapuan Motta Netto.

Os selecionados para o projeto participarão de eventos, workshops e mentoras com profissionais nacionais e estrangeiros, a ideia é qualificar todos os escolhidos. Bolsas de estudo integrais em quaisquer cursos da instituição também serão oferecidas para os selecionados a desenvolverem os projetos. O foco é no desenvolvimento de startups.

“Incentivar jovens a desenvolverem startups nas mais variadas áreas é fundamental nos dias de hoje.  Estamos falando de futuro. Eles são o futuro, a tecnologia é cada vez mais o futuro. A palavra de ordem hoje é criar para gerar emprego e renda. Por isso, vamos ampliar cada vez mais os nossos horizontes e o leque de opções e apoio a projetos empreendedores”, afirma Igor Baldez, vice-presidente da ACIERJ.