Máfia dos cigarros pode estar por trás de assassinatos no Recreio

Polícia suspeita do envolvimento da milícia nos crimes, que ocorreram com menos de 48 horas de diferença.

*Ana Clara Prevedello e Nicolle Timm

Duas pessoas foram assassinadas no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, em menos de 48 horas. Os crimes aconteceram durante o dia, e foram cometidos por criminosos vestidos de preto e fortemente armados. A polícia suspeita do envolvimento de uma milícia que vende cigarros contrabandeados na região.

O caso mais recente aconteceu ontem (8). Câmeras de segurança registraram a morte do inspetor penal Bruno Kilier da Conceição Fernandes, de 35 anos.

Nas imagens, um carro branco fica estacionado por um tempo em frente ao condomínio do inspetor, para monitorar a vítima. Assim que ele sai para comprar água em um bar, o carro vai embora e outro veículo para ao lado do estabelecimento. Quando a vítima sai com o galão nas costas, dois criminosos descem do carro e atiram diversas vezes.

Familiares de Bruno estiveram no IML hoje (9). Ele chegou a ser subdiretor do Presídio Bangu IV, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.

Uma das linhas de investigação em relação à execução do inspetor penal é a possível ligação dele com a distribuição de cigarros clandestinos.

O outro assassinato aconteceu na última terça-feira (6). Cristiano de Souza, de 51 anos, foi morto depois de deixar a esposa na academia. Ele era dono de uma tabacaria da região.

A polícia acredita que Cristiano foi morto por se recusar a colocar em sua tabacaria os cigarros contrabandeados da milícia.

“O tráfico de cigarros têm crescido muito, a movimentação é muito alta. O contrabando deles vem através da fronteira seca do Brasil com o Paraguai. Esses grupos só existem e só tem esse poder, por exemplo, o poder de matar pessoas dessa maneira, porque toda a dimensão do Estado está envolvida”, explica José Cláudio Alves, especialista em Segurança Pública.

*Sob supervisão de Christiano Pinho.