Matadores de aluguel do Rio usaram técnicas de polícia para matar o bicheiro Bid

Alcebíades Paes Garcia, vulgo Bid, foi monitorado pelo ‘Escritório do Crime’ durante meses

Felipe de Moura (sob supervisão de Beatriz Duncan)

Ministério Público tenta extradição de Bernardo Bello Divulgação/MPRJ
Ministério Público tenta extradição de Bernardo Bello
Divulgação/MPRJ

Matadores de aluguel do maior grupo de assassinos do Rio de Janeiro usaram técnica e tecnologias policiais para o assassinato o bicheiro Alcebíades Paes Garcia, vulgo Bid. O ‘Escritório do Crime’, como é conhecida a quadrilha, vigiou o criminoso durante meses, até o crime, em fevereiro de 2020.

A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, detalhou como funciona um dos grupos de matadores de aluguel mais organizados do país.

A causa do crime é a disputa pelo espólio numa movimentação milionária do jogo do bicho em diversos pontos do Rio. Os investigadores conseguiram averiguar que apenas as máquinas caça níqueis tem movimentação de cerca de R$ 2 milhões por mês.

O monitoramento também mostrou que os criminosos conseguiram perseguir a vítima para escolher o melhor momento de cometer o assassinato.

UM DOS MAIORES CONTRAVENTORES DO ESTADO É PRESO NO RIO

Bernardo Bello e outras 5 pessoas se tornaram réus pela morte do bicheiro Bid. Bello foi preso na última segunda (31). As investigações apontam que, mesmo preso, ele  continua no controle dos negócios ilegais da família.

Os promotores do Ministério Público já monitoravam Bernardo Bello antes da expedição do mandado de prisão. No dia 8 de janeiro ele viajou com a família para Dubai nos Emirados Árabes. Depois, e depois seguiu para Holanda e Colômbia. 

Porém, no dia 24, a Justiça determinou a prisão preventiva. O criminoso passou a andar de carro em solo colombiano, o que demonstrou uma movimentação atípica do Bernardo.

COMO TUDO COMEÇOU

A disputa pelo controle do jogo do bicho da família Garcia começou em 2004, quando o bicheiro conhecido como Maninho foi assassinado. Tamara Garcia, uma das filhas dele, se casou com Bernardo Bello, enquanto Shanna Garcia, outra filha dele, se casou com José Luiz de Barros Lope, o Zé Personal.

Segundo o inquérito, um amigo da família, Rogério Mesquita decidiu procurar escolta para Alcebíades Paes Garcia, irmão de Maninho. O policial reformado Adriano da Nóbrega, que viria a ser o chefe do grupo de extermínio Escritório do Crime, foi então escolhido para ser o chefe da segurança. O ex-capitão do Bope, porém, mudou de lado e decidiu se aliar a Bernardo Bello, ajudando o contraventor a controlar o espólio.

A partir daí começaram os assassinatos. Em 2011, Zé Personal foi morto. Já em 2017, Mirinho, filho mais novo de Maninho, também foi executado. Em 2019, Shanna Garcia sobrevive a uma tentativa de homicídio, e, no ano seguinte, Bid foi morto.

A extradição de Bernardo Bello para o Rio está acontecendo. Ele foi preso pela Interpol na Colômbia e será trazido para o estado do Rio de Janeiro. O processo pode durar alguns meses.