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Milhões apreendidos na casa de delegada alvo por ligação com Jogo do Bicho

Operação do Ministério Publico apura esquema de uma organização criminosa liderada por Rogério Andrade

Pedro Cardoni*

Cerca de R$ 1,2 milhão foram apreendidos na casa da delegada Adriana Belém Divulgação/MPRJ
Cerca de R$ 1,2 milhão foram apreendidos na casa da delegada Adriana Belém
Divulgação/MPRJ

Até o momento, 11 pessoas foram presas por uma força tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro que investiga a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, nesta terça-feira (10). A organização criminosa apontada como alvo é liderada por Rogério de Andrade e Gustavo de Andrade e tem como integrante Ronnie Lessa, denunciado como executor da parlamentar e do motorista.

Ao todo, 29 mandados de prisão e 119 de busca e apreensão são cumpridos pelos agentes, incluindo ações contra dois delegados: Marcos Cipriano e Adriana Belém. Marcos foi preso e o balanço mais recente da Operação Calígula confirma que foi encontrado cerca de R$ 1,2 milhão na casa da delegada Adriana. Além disso, até o momento também foram apreendidos oito aparelhos de celular, um notebook, um HD e um pen drive. Entre os alvos de busca estão quatro bingos comandados pelos criminosos.

Adriana é investigada por favorecer a quadrilha para a liberação de material ilegal em troca de propina. Segundo investigações do Ministério Público, o delegado Marcos Cipriano, também investigado no caso, organizou um encontro entre o inspetor Jorge Luiz Camillo Alves e Adriana, que até então era titular da delegacia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Nesse encontro foi estipulado um acordo que permitia a retirada de quase 80 máquinas caça-níqueis apreendidas em casas de apostas dos criminosos em troca de propina.

O Ministério Público aponta que agentes das Polícias Civil e Militar também recebiam valores em dinheiro mensais para deixar que o grupo continuasse comandando as casas de apostas criminosas.

Existem registros da ligação da quadrilha com Ronnie Lessa, apontado como um dos seguranças de Rogério de Andrade, desde 2009, quando ele perdeu uma perna na explosão do carro do líder da organização. Em 2018, os criminosos se reaproximaram e teriam montado uma casa de apostas na região do Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

Em nota, a Secretária Municipal de Esportes, onde Adriana Belém estava lotada no cargo de assessora, declarou que a delegada vai ser exonerada nesta quarta-feira (11). Marcos Cipriano atualmente está ligado a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico. O órgão preferiu não comentar o envolvimento do delegado no caso.

Já a defesa de Rogério de Andrade afirmou que "essa operação além de não deixar demonstrado a necessidade da prisão cautelar do Rogério, se mostra claramente uma afronta ao STF que acaba de conceder o trancamento de uma ação penal contra ele".

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco