Com 96% da população adulta já vacinada com pelo menos a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, chegou a hora de aplicar a segunda dose nas pessoas acima de 18 anos na comunidade. O mutirão faz parte de um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que, até janeiro de 2022, vai monitorar duas mil famílias da região para avaliar a eficácia e a eficiência da vacina na população. A campanha #VacinaMaré tem parceria do Redes da Maré e da Secretaria Municipal de Saúde.
Nesta etapa, clínicas da família e associações de moradores se transformam em pontos de vacinação. A expectativa é de que até sábado toda a população adulta esteja imunizada com a vacina Astrazeneca. Adolescentes a partir de 12 anos também podem se imunizar mesmo não fazendo parte do estudo.
"Na primeira etapa da pesquisa #VacinaMaré a gente viu os números de casos e de internações por Covid-19 caírem abruptamente, a gente já consegue verificar a altíssima eficácia da vacina da Astrazeneca na primeira dose, quando aplicada em grupo. E agora, com a segunda dose, é um momento de consolidar essa cobertura", relata o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz.
Nas proximidades dos postos de vacinação, manifestações artísticas acontecem como forma de celebração do avanço da imunização na região.
"Vamos celebrar, tomando o cuidado de não formar aglomerações, com pequenas intervenções artísticas. Mas temos resultados a comemorar. A taxa de letalidade na Maré é menor do que a do município e conseguimos, com um projeto pioneiro, dar um tratamento adequado e com base científica para os moradores da favela", avalia Eliana Silva, diretora da Redes da Maré.
A vacinação acontece entre hoje (14) e sábado (16), das 8h às 17h.
SOBRE O ESTUDO
A pesquisa da Fiocruz está dividida em dois estudos. O primeiro mede a efetividade da AstraZeneca contra a Covid-19. O segundo monitora a circulação de variantes na região, casos entre vacinados, efeitos adversos da vacina e o nível de proteção de crianças e adolescentes não vacinados. Critérios como idade, gênero, vacina aplicada, tempo de infecção depois da vacinação, ocorrência de casos graves e prevenção de óbitos estão sendo analisados.
"Este é um projeto único do ponto de vista do entendimento da efetividade das estratégias de vacinação em territórios urbanos e periféricos. Ela combina múltiplos desenhos de estudo e inova na forma como a pesquisa é feita, uma vez que temos a participação direta da população e das organizações locais na formulação e na execução do projeto", esclarece o infectologista da Fiocruz Fernando Bozza, coordenador da pesquisa.